Lua de Sangue - Dreamblood Vol. 1 - N. K. Jemisin
- Dreamblood Vol: 1
- N.K. Jemisin
- 519 Páginas
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Sinopse
N. K. Jemisin, uma das mais premiadas autoras da atualidade, apresenta o capítulo final da duologia Dreamblood. Nesta épica conclusão, Gujaareh é assolada pela iminência de uma guerra e por pesadelos eternos que parecem prenunciar a ruína da Cidade dos Sonhos Gujaareh, a Cidade dos Sonhos, sofre sob o domínio imperial do Protetorado Kisuati. Uma cidade onde a única lei era a paz agora conhece a violência e a opressão. E pesadelos. Uma praga misteriosa e mortal assombra os cidadãos de Gujaareh, condenando os infectados a morrer gritando enquanto dormem. Preso entre sonhos sombrios e senhores cruéis, o povo anseia por se levantar ― mas Gujaareh não conheceu nada além da paz por muito tempo. Alguém deve mostrar-lhes o caminho. A esperança está com dois párias: a primeira mulher a se juntar ao sacerdócio da Deusa dos Sonhos e um príncipe exilado que deseja recuperar seu direito como primogênito. Juntos, eles devem resistir à ocupação Kisuati e descobrir a fonte dos sonhos assassinos… antes que Gujaareh se perca para sempre. “A escritora de ficção especulativa mais importante da sua geração e a melhor do século xxi.” ― John Scalzi, autor de Guerra do velho e Redshirts “Por meio de seu trabalho, Jemisin sempre incentivou mudanças. Nunca teve escrúpulos ao criticar de seu canto do mundo literário, recusando-se a se contentar com o mero serviço da aparente inclusão. […] Mas uma das coisas mais impressionantes que ela faz como escritora de ficção especulativa e fantasia é voltar o olhar para seu próprio campo e para o fetiche deste pelas armadilhas da Europa medieval e do colonialismo à custa de todo o restante ou pelas indicações racistas que aparecem com frequência no cerne de histórias que apresentam orcs (Tolkien e seus imitadores) ou nações como os Dothraki de A guerra dos tronos.” ― gq “O segundo livro da duologia Dreamblood é ainda melhor que o primeiro. Jemisin se notabiliza na construção de mundo, e a inclusão de uma diversidade de personagens torna seus cenários ainda mais reais e vívidos.” ― RT Book Reviews
Resenha
Resenha: Lua de Sangue
Lua de Sangue é mais um acerto fantástico da aclamada autora N.K. Jemisin. O primeiro volume dessa história publicada pela Editora Morro Branco fala sobre um mundo onde sonhos têm poder, e um pesadelo terrível parece estar nascendo nas ruas do berço desse poder.
Gujaareh é uma cidade-estado poderosa para o mundo todo. A paz reina em suas ruas; e, em seus telhados, Coletores atravessam a noite para garantir que essa paz resista. Os Coletores respondem à Deusa dos Sonhos, e colhem a magia dos sonhos das pessoas adormecidas. Às vezes, usam seus poderes para punir aqueles que foram julgados criminosos, tornando aquele o último sonho deles.
Mas uma conspiração parece estar nascendo nas imaculadas ruas desse lugar. Uma criatura sombria parece estar espalhando caos, assassinando sonhadores inocentes em nome da Deusa. Ehiru, o Coletor mais famoso de Gujaareh, o mais fiel à causa e à sua doutrina, passa a questionar tudo em que sempre acreditou. E decide investigar para tentar salvar o que resta do lugar que ama.
Lua de Sangue é um livro de fantasia extremamente criativo e cativante. Fala sobre o lírico dos sonhos de maneira palpável, porque os sonhos são fontes de poder, de cura e de renascimento nesse mundo. N.K. Jemisin faz um trabalho primoroso, mais uma vez, em escrever uma história brilhante, explorando o que é conhecido da maneira mais inesperada possível.
A inspiração dessa história, conforme a própria autora comenta, veio do Egito Antigo. Dá para notar isso na ambientação dos lugares, como Gujaareh e Kisua, nos nomes dos personagens, e nos detalhes mais minuciosos da própria trama. A arquitetura, o modo como a sociedade se comporta, a adoração ao divino e a figura de poder que é a do Príncipe, representando esse divino - tal como acontecia com os faraós.
As primeiras 100 páginas, assim como acontece em Nós Somos a Cidade, te deixam em completa confusão. A Jemisin não se estende em grandes explicações, só te dá a mão e te leva pra esse universo completamente bizarro e fantástico.
Recontamos as histórias porque sabemos: a pedra não é eterna. Mas as palavras podem ser.A inspiração dessa história, conforme a própria autora comenta, veio do Egito Antigo. Dá para notar isso na ambientação dos lugares, como Gujaareh e Kisua, nos nomes dos personagens, e nos detalhes mais minuciosos da própria trama. A arquitetura, o modo como a sociedade se comporta, a adoração ao divino e a figura de poder que é a do Príncipe, representando esse divino - tal como acontecia com os faraós.
As primeiras 100 páginas, assim como acontece em Nós Somos a Cidade, te deixam em completa confusão. A Jemisin não se estende em grandes explicações, só te dá a mão e te leva pra esse universo completamente bizarro e fantástico.
"Recontamos as histórias porque sabemos: a pedra não é eterna. Mas as palavras podem ser."
O desenvolvimento desse início é lento, mas, quando engata, é uma reviravolta no emocional. Quando o livro finalmente explica o que está acontecendo, e as peças se encaixam, é só surto.
Lua de Sangue segue os moldes de plot twists e personagens de moral cinzenta que eu amo tanto na Jemisin. Também é uma história que apresenta um mundo onde o amor queer é normalizado; há uma diversidade entre os três protagonistas. Não apenas queer, mas também, como sempre, a questão de ter pessoas pretas no comando da história. O mundo é diverso.
É uma fantasia que aborda toda a questão onírica dos sonhos. O por que de eles serem tão poderosos, a maneira com que move a trama principal, como se entrelaça às lendas da criação desse universo, é tudo muito genial.
Apesar de curto, Lua de Sangue é um primeiro livro muito completo. Intenso em tudo que propõe; discute sobre fanatismo religioso, tirania, opressão. Fala muito, de maneira explícita, sobre as diferenças entre as camadas subjugadas pela sociedade e o privilégio da elite e da nobreza. Também discute a questão de corrupção de poder, e como ela se infiltra lentamente nas camadas que deveriam proteger e cuidar do povo.
"Existe poder nos sonhos. Use-o e ali está a magia."
Tem ação, política e reviravoltas na medida perfeita que apenas N.K. Jemisin consegue construir.
Quanto aos personagens, o trio principal oferece ótimas tramas e desenvolvimentos. Ehiru, Nijiri e Sunandi são opostos em quase tudo. Ehiru é um Coletor, treinado desde pequeno na arte de encontrar sonhadores para abastecer sua Deusa dos Sonhos com oferendas - e a punir aqueles que, despertos, causaram horror. Por acidente, Ehiru acaba se envolvendo em meio a uma situação política e monstruosa. Uma situação que envolve desafiá-lo a questionar tudo em que acreditou.
Nijiri é seu aprendiz. Ele é fiel a Ehiru em todos os aspectos; essa lealdade é o que move Nijiri, muito mais do que a fé e sua condição como futuro Coletor. Diferente do mestre, Nijiri é um personagem marcado pela juventude. Ele é rebelde e desafiador, é questionador e ansioso. Onde Ehiru é calmaria, Nijiri é uma tempestade.
E Sunandi, por fim, é um contraponto aos dois. Ela veio de outro reino, de um lugar onde esse culto aos sonhos e ao poder deles não existe. Ela está ali para encontrar corrupção, e acaba se infiltrando no meio de uma conspiração muito mais complicada do que imaginava. Sua visão dos Coletores não é diferente da visão de um monstro; para Sunandi, eles não passam disso.
"Mas é da natureza do mundo que alguns tenham que morrer para que outros possam viver."
As relações entre os três foram muito bem trabalhadas. Houve conflitos, houve momentos de aliança, houve momentos de entrega emocional. Lua de Sangue é movido por sonhos e por seus personagens.
A edição da Morro Branco é linda demais. Eu adorei a nova capa que trouxeram pra cá, adorei a tradução de Aline Storto Pereira, adorei a diagramação bem espaçada e confortável. É um primor de livro. Como sempre!
Lua de Sangue é uma fantasia brilhante sobre o poder dos sonhos e a corrupção do mundo desperto. N.K. Jemisin mais uma vez mostra que é uma voz poderosa da ficção fantástica, e entrega outro favorito para eu guardar no coração.