Antropologia do Ciborgue - Donna Haraway

Antropologia do Ciborgue - Donna Haraway

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Sinopse

O ciborgue nos força a pensar não em termos de “sujeitos”, de átomos ou de indivíduos, mas em termos de fluxos e intensidades. O mundo não seria constituído, então, de unidades (“sujeitos”) de onde partiriam as ações sobre outras unidades, mas, inversamente, de correntes e circuitos que encontram aquelas unidades em sua passagem. Integre-se, pois, à corrente. Plugue-se. A uma tomada. Ou a uma máquina. Ou a outro humano. Ou a um ciborgue. Eletrifique-se. O humano se dissolve como unidade. É só eletricidade. Tá ligado?

Resenha

Simbiose revolucionária Este livro gira em torno do clássico Manifesto Ciborgue, da pensadora norte-americana Donna Haraway, publicado em 1985. Trata-se de um texto polêmico e potente. Influenciado pelas possibilidades da ficção científica, é, acima de tudo, um manifesto feminista, uma crítica ao capitalismo patriarcal. O feminismo-ciborgue proposto por Haraway critica o feminismo liberal e o marxista, grosso modo, por seus reducionismos, dualismos, armadilhas de identidade e visão totalizante. Haraway tem plena consciência da problemática de classe, gênero e raça, principalmente, para mulheres negras e latinas, nos EUA. Ela fala como a biologia e a tecnologia podem se tornar instrumentos a serviço do capitalismo ou repensadas e recolocadas em prática para uma alternativa anti-sistema. Deixam-se de lado a unidade e objetos supostamente naturais, voltando-se para o fluxo, a rede, a conexão estruturada entre pessoas. Para Haraway, as extensões tecnológicas do corpo e da mente humana transformam todos nós em ciborgues, não como o Robocop, mas como os usuários de nossos celulares, pegando um exemplo mais recente. Ela propõe uma simbiose revolucionária. Claro que temos que considerar sua posição como acadêmica branca privilegiada da Califórnia. Mesmo não concordando com ela em todos os pontos, Haraway é uma voz a ser ouvida. Suas ideias fora da caixa sobre natureza, tecnologia e sociedade, suas blasfêmias, como ela mesma diz, continuam muito atuais. O Manifesto Ciborgue é também uma carta de amor àquela ficção científica mais desafiadora, escrita por autoras e autores que quebraram barreiras e convenções, reescrevendo a História e o pensamento humano, como Ursula Le Guin, Samuel Delany, Octavia Butler e Joanna Russ. O Manifesto é um texto denso. Porém também divertido. A ironia afiada da autora dá um nó na cabeça da gente. Os demais textos do livro acabam sendo robustas notas de rodapé.