A Terra Devastada - T. S. Eliot
- T. S. Eliot
- 23 Páginas
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Sinopse
Realizado entre 1920 e 1921 e publicado em 1922, “The Waste Land”, de T. S. Eliot (1888-1965) é considerado por muitos críticos o mais importante poema do século XX, quiçá dos mais importantes de todos os tempos. Faz uma vasta exploração poética da esterilidade da vida moderna tendo como referência a destruição da Europa após a Primeira Guerra Mundial. Logo no primeiro verso da obra : “Abril é o mais cruel dos meses...” percebemos metaforicamente a noção de uma agonia , qual seja , a da chegada incerta da primavera ao hemisfério norte, ao mundo. Ao final do poema, o leitor se depara com questões fundamentais à humanidade : ainda germinará a primavera para a humanidade? Uma humanidade auto-destrutiva e impotente diante de seu próprio destino.Após os horrores da Primeira Guerra Mundial, T. S. Eliot, descreveu em seu poema liricamente um mundo no qual o potencial humano de destruição deixou a humanidade estéril e aponta para a crise da cultura ocidental repleta de destruição e contaminada pela barbárie desde seu início até o pós primeira guerra mundial.Das cinco partes do poema A Terra Desolada há muitas referências e citações, como um caleidoscópio , um verdadeiro diálogo com a literatura européia, à literatura indiana e à Antiguidade clássica. Homero, Dante Alighieri (1265-1321), Virgílio (70-19 a.C.), William Blake (1757-1827), William Shakespeare (1564-1616), Baudelaire, etc além de canções populares, passagens e citações em seis línguas estrangeiras, inclusive frases em sânscrito aparecem metaforicamente para dar corpo à obra. O Poema está repleto de ricas e densas metáforas ligadas a temas recorrentes como a chuva, a esterilidade principalmente , a violação, a barbárie , a ruína da civilização e da vida pessoal e social , costuradas numa ligação entre passado e presente “atemporal “ remetendo-se a toda experiência da vida e da organização social humana.Em The Waste Land a cultura, a moral, estética, religião, sociedade e sujeito aparecem mutilados metaforicamente ; Eliot cria uma “ estética da fragmentação” tentando construir uma imagem e história do homem a partir de imagens rotas, fragmentadas.Símbolo da civilização sem rumo do pós-Primeira Guerra, este grande poema contribuiu decisivamente - ao longo de seus mais de 400 versos - para sedimentar as bases do modernismo tentando traduzir o universo de infertilidade do pós guerra, das incertezas do homem diante de seu passado e de seu futuro .
Resenha
A Terra Devastada
A resenha que ora se inicia é sobre um livro conhecido por vários títulos em português, como A Terra Devastada, Terra Desolada e, ainda, por Terra inútil, com seu título origina em inglês, como The Waste Land, publicado em 1922. Escrita por T. S Eliot, é um poema de pouco mais de vinte páginas, mas com uma leitura de alta complexidade que demanda ler e reler, por vezes, até compreender a mensagem principal. O dicionário à mão é essencial para compreensão de vários termos imprecisos nessa tradução.
Eliot observou em detalhes os horrores da Primeira Guerra Mundial, procurando se valer de lugares e do clima, descrevendo, uma Europa em versos, onde o potencial de autodestruição dos homens relegou a humanidade a um mundo estéril. Esses versos contêm muitas metáforas, simbolismos e enigmas, passando de um significado rude para outro mais cruel, sempre denotando a desesperança advinda do pós-guerra.
As estações do ano são citadas como a decorrência da morte e a retomada da vida, mesmo que desolada, principalmente pelas citações da primavera. As águas e rios têm uma presença constante no poema, talvez, como se fossem para lavar todo o passado ruim. Há citações em alemão e francês ao longo da obra, sendo que ossos e ratos são palavras encontradas em várias passagens.
Divide-se em cinco partes, sendo a primeira nominada como O Enterro dos Mortos, que descreve a ação das estações sobre a terra, a chuva de primavera, a neve e os aguaceiros de verão. Subentende que o protagonista vê um monte de cadáveres em Londres e espanta-se que o aniquilamento destruísse tantas vidas, terminando com uma citação em francês: tu, hipócrita leitor, meu companheiro, meu irmão. Essa primeira parte apresenta os versos clássicos:
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
A segunda parte se denomina Uma partida de xadrez e começa descrevendo o ambiente, detalhando cada objeto e como estes se compunham na cena, cada um com sua representação simbólica, como: um candelabro, a chama de uma vela, os perfumes e uma estátua de cupido que espreita e outro cujos olhos se escondiam sob as asas, dentre outros. Segue apresentando o conto de Filomela, uma personagem que representa uma figura mitológica que foi violentada pelo Rei Tereu e se vinga, junto com sua irmã, matando seu sobrinho, tendo que pedir ajuda aos deuses para escapar da vingança, sendo transformada em um rouxinol.
A terceira parte tem o título de O sermão do fogo e relata que as ninfas não mais se encontram nos rios. Elas já partiram e rios não suportam restos de festas, mas apenas chocalhar dos ossos e os ratos. Pescando, observa toda a desolação e ouve os rumores da cidade, que anunciam a primavera. Volta a citar o cantar do rouxinol e destacar “tão rudemente violada, Tereu”, como uma metáfora à terra tão rudemente devastada.
A quarta é a mais curta das partes, sendo conhecida por Morte por água, quando aborda que uma vida que se encerra pelo redemoinho das águas, fazendo uma solicitação a quem comanda os destinos, um alerta que também poderá ser atingido e perecer.
Por fim, chega à quinta e última parte, nominada por O que disse o Trovão, a rima parece tratar dos fantasmas dos diversos mortos que agora com os vivos convivem. Comenta a falta de água e apenas a evidência de rocha, como se a água fosse a vida e rocha a ruína e o trovão sem chuva. É incisivo no fato de não haver água. Destaca que apenas existimos e ninguém se importará com nosso término, nem contará os nossos necrológicos
Seu autor, Thomas Stearns Eliot nasceu em St. Louis, nos Estados Unidos, nos finais dos anos 1800 e faleceu em Londres, no século passado, sendo um poeta modernista que se considerava classicista, dramaturgo e crítico literário. Pela excelência de sua obra, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1948. Nascendo no Missouri americano, mudou-se para a Inglaterra em 1914, no auge de seus 25 anos, vindo depois a tornar-se cidadão britânico.
Esta resenha se baseou na tradução do poeta Ivan Junqueira, que a denominou como "Terra Desolada". Disponível para ser baixada no site LeLivros. Veja a vídeo resenha em: https://youtu.be/OrDse1nEmao, acesso em 05 jun. 2020.
Paz e Bem!