Tempestade de fogo - O Jovem Sherlock Holmes Vol. 4 - Andrew Lane

Tempestade de fogo - O Jovem Sherlock Holmes Vol. 4 - Andrew Lane

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Sinopse

A casa de Amyus Crowe e Virginia está vazia, como se ninguém jamais tivesse morado lá. O misterioso desaparecimento dos dois leva o jovem Sherlock Holmes a uma nova aventura, com riscos maiores do que qualquer outra até então. Ao seguir as pistas deixadas por seu mentor, o rapaz vai parar na Escócia, onde sequestros e roubos de cadáveres o colocam diante de um adversário com poderes muito além de sua habilidade dedutiva: um homem que se diz capaz de controlar os mortos. Dessa vez, para salvar seus amigos, o jovem Sherlock Holmes terá que enfrentar algo mais perigoso do que nunca: as forças do inferno.

Resenha

Queria muito chegar aqui e escrever que Tempestade de Fogo, quarto volume da série O Jovem Sherlock Holme (Intrínseca), escrita por Andrew Lane, é maravilhoso e supera os demais. Não posso, infelizmente. Dos livros publicados aqui (leia a resenha dos anteriores 1, 2 e 3), esse é, de longe, o mais fraco. Sabe do que mais gosto da narrativa de Lane? Suas cenas de ação. São bem escritas, na velocidade correta para deixar o leitor apreensivo, mas sem fazer com que tenha um ataque cardíaco. Além disso, costumam ser bem elaborados, digna do jovem prodígio Holmes. O que acontece nessa obra é, em sua maioria, o extremo oposto. O desenrolar das cenas são fracas, com explanações e saídas muito pouco convincentes. Nem o Sherlock adulto resolveria as coisas daquele jeito. A impressão que deu é que mais parecia uma questão de sorte do que de aptidão para resolver. A cena final, que deveria ser óoooh, é constrangedora. Quando li as últimas linhas dela, me perguntei: "Ué, jura que era só isso? Esse vilão era tão porreta!" Acabou que a cena mais importante de ação encontra-se um pouco após à metade do livro. Lá pela página 190, há uma enrascada de verdade e tive que dar algumas paradinhas antes de continuar a leitura. O coração acelerava e, ao mesmo tempo que ficava maravilhada em ver como a mente de Sherlock funcionava, ficava com dó do menino. THIS. É isso que eu esperava de Lane. - Quero ser o melhor - disse Sherlock, baixinho. - Quero ser o melhor violinista, o melhor rastreador e o melhor em disfarces. Se não posso ser o melhor, então de que adianta tentar? - Você vai se decepcionar muito com a vida, meu amigo. - Stone balançou a cabeça. - Muito mesmo. A maior tristeza mesmo foi ver a bagunça que ficou a estrutura do livro. Há duas histórias que não se interligam de jeito nenhum. Uma diz respeito ao mistério ao redor da governanta da casa. Isso ocupa a primeira metade de Tempestade de Fogo e achei tão sem razão de ser... Ok, entendo que ele tinha que responder à pergunta que ficou no ar no livro anterior. Só acho que a resposta tinha que ter relação com o aventura principal, que envolvia Crowe e Virginia. No final, o autor ainda tenta retomar com uma explicação, mas a dúvida do porquê gastar tanto tempo com a Englantine ainda ficou na minha cabeça. Apesar de ficarmos sabendo mais um pouco sobre o pai de Sherlock e sua mãe - o que gostei muito - , senti falta de seu irmão na história. Em contrapartida, temos mais Crowe e Virginia e o professor de violino de Holmes, Stone. Troca justa, acho. Gostei de ver um lado mais emotivo do menino Sherlock e de como ele luta contra isso. Ele começa a se moldar mais... Já podemos perceber vestígios no menino insolente e ambicioso (não se contenta com pouco, quer ser o melhor e não se permite errar), a importância à amizade (o laço entre ele e Matty é uma graça, e eles se completam! Um treinamento pré-Watson?), a vontade de entender o mundo ao redor (o real, bem diferente do qual ele está acostumado), à paixão pela música (e a dificuldade de aprender a tocar violino quando tenta racionalizar o ato) e por aí vai. Até o leve romance é interessante (apesar de ter rolado umas frases bem no estilo "Sherlock apaixonado diria isso?"). "Quatro cordas! O violino só tinha quatro cordas! Seria assim tão difícil? - O problema - disse Stone de repente, virando-se e encarando Sherlock - é que você está tocando as notas, mas não a melodia. - Isso não faz o menos sentido - retrucou Sherlock, na defensiva. - Faz todos o sentido. - Stone suspirou. - As árvores não são a floresta. A floresta é formada por todas as árvores, em conjunto, e mais os arbustos, os animais, os pássaros e até mesmo ar. Sem tudo isso, resta apenas um monte de madeira... nenhum sentimento, nenhuma atmosfera. - Então de onde vem o sentimento da música? - perguntou Sherlock, frustrado. - Não das notas. - Mas no papel só tem as notas! - protestou Sherlock. - Então acrescente algo seu. Acrescente alguma emoção. - Mas como? (...) - (...) O problema é que você está tratando isso como um exercício de matemática ou de gramática. Quer ver todas as peças diante de si e acha que seu trabalho é montar o conjunto. A música não é assim." Como deu para perceber, nem tudo está perdido. Mesmo em meio ao pequeno caos, ainda consegui identificar o que me faz gostar tanto da narrativa de Lane: sua sagacidade e percepção de Sherlock e a pesquisa tremenda que faz questão de incluir em suas histórias. Muitos fatos que ele conta são reais e ele somente os adaptou ao que queria contar. Lane comenta sobre isso no apêndice, que é muito interessante. Apesar de Tempestade de Fogo não trazer Andrew Lane em sua melhor forma, não desisti da série. Valeu a pena para confirmar mais uma vez que uma boa estrutura faz uma falta danada. Andrew Lane é inglês e autor de outros romances, e livros dedicados a filmes e personagens importantes. Já foi redator de imprensa especializada em televisão. A série O Jovem Sherlock Holmes contém seis livros. Lá fora, tanto o quinto (Snake Bite), quanto o sexto (Knife Edge) já foram publicados.