O Sol Poente - Osamu Dazai
- Osamu Dazai
- 129 Páginas
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Sinopse
Essa tradução inclui notas de rodapé que facilitam a compreensão do leitor, especialmente acerca de elementos da cultura japonesa. " Vítimas. Vítimas de um período transicional. É isso o que nós certamente somos." Publicado originalmente em 1947 sob o título de “O Sol Poente,” dois anos após o fim da derrota das forças do Eixo na Segunda Guerra Mundial, essa novela, outra obra-prima de Osamu Dazai, relata a vida de Kazuko, uma mulher que fazia parte da aristocracia, mas que agora faz parte de uma família que, assim como a aristocracia e a sociedade Japonesa pós-guerra, está em declínio. Através dos olhos de Kazuko, vemos um mundo e uma família em transição: o capital muda de mãos, assim como o poder e a moralidade. Sua mãe é uma relíquia do passado, uma verdadeira aristocrata da Nação do Sol Nascente que lentamente morre no País do Sol Poente; seu irmão é uma vítima da guerra, um escritor viciado em drogas. E Kazuko, uma jovem mulher em busca de amor e novas formas de se viver depois do fim de seu velho mundo. Assim como na maioria das obras de Dazai, temos temas de isolação, solidão, jogos sociais, suicídio e pessimismo. Essa obra, que pôs o termo "O povo do sol poente" na linguagem japonesa, é uma leitura fundamental para fãs de Osamu Dazai, assim como para todos aqueles que querem conhecer mais a literatura e a história do Japão.
Resenha
"De qualquer jeito, pode-se ter certeza de uma coisa: um homem tem que fingir para sobreviver"
"Não foi vergonha o que eu senti, mas o sentimento de que o mundo real era um organismo estranho, completamente diferente do mundo da minha imaginação"
O livro retrata a vida de uma família de aristocratas que, após a guerra, está em declínio, tendo que se adaptar inteiramente a um novo estilo de vida, e enfrentar desafios que, até então, não faziam parte de seu cotidiano.
A história gira entorno de Kazuko, uma mulher com cerca de trinta anos e divorciada, seu irmão Naoji, viciado em drogas e de personalidade sensível, e sua Mãe, que aos olhos de Kazuko, é uma verdadeira joia, a representação da bondade e pureza, e a última imagem da verdadeira aristocracia.
Ambos os irmãos dependem da figura materna para continuar vivendo em uma linha considerada moralmente aceitável, após a perca dela, ambos que já vinham sofrendo com as angústias de seu novo estilo de vida, se veem completamente perdidos no mundo, sem sentido para sua existência e cultivando um caráter autodestrutivo.
"Vazia. Oh, a vida é dolorosa demais, a realidade que confirma a crença universal de que seria melhor não ter nascido."
O desenvolvimento dos personagens é cuidadoso, mergulhando o leitor no íntimo deles e mostrando suas angustias e suas aflições. São figuras que, incapazes de encarar a realidade, se fecharam em mundos próprios, e quando, forçados a confrontar a condição, se viram incapazes e inertes.
É o segundo livro que leio do autor, eu particularmente gostei muito, e até achei bem parecido com "Declínio de um homem". É uma leitura um tanto pesada, carregada do início ao fim de melancolia e desesperança, mostrando a fragilidade do caráter humano.
"Essa foi a primeira vez em minha vida que eu me tornei ciente da existência da parede de desespero construída a partir das muitas coisas no mundo, diante das quais a força humana é inútil"