Snow Crash - Neal Stephenson
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Sinopse
Quando você vive num muquifo, sempre há o Metaverso. Em um futuro distópico, os Estados Unidos como o conhecemos não existe mais. Após o colapso do governo, o país se dividiu em cidades-estado controladas por corporações privadas, mafiosos e mercenários de todo tipo. Para escapar desse mundo de caos, as pessoas passam a maior parte do tempo no Metaverso, uma realidade virtual onde vivem como avatares. Hiro Protagonist é hacker e trabalha para uma organização mafiosa como entregador de pizza, mas, no Metaverso, é um príncipe samurai. Quando surge um novo e misterioso vírus chamado Snow Crash, que ameaça tanto o mundo físico quanto o cibernético, Hiro parte em uma jornada virtual para encontrá-lo e destruí-lo. Publicado pela primeira vez no Brasil em 2008, Snow Crash foi eleito pela revista Time um dos cem melhores romances de língua inglesa. Retrato assustador de uma sociedade pós-moderna decadente, este livro irônico e ousado combina, a um só tempo, cenários improváveis e totalmente verossímeis.
Resenha
Minhas expectativas sofreram um Snow Crash
Desde que eu me aventurei pela trilogia do Spraw de William Gibson, passei a ser um grande fã do conceito de mundo Cyberpunk. Então, foi natural chegar a este livro escrito por Neal Stephenson e lançado em 1992, que é considerado um clássico do gênero. Então as minhas altas expectativas eram justificadas.
Justiça seja feita, é bom salientar que o autor desenvolve aqui alguns conceitos interessantes como a idéia de Metaverso, que me parece um desenvolvimento da Matrix criada por William Gibson ou a construção de uma realidade onde o governo dos EUA está arruinado e geograficamente passa a ser composto por diversos mini países chamados no livro de franchulados, cada um deles com suas próprias leias. As descrições das tecnologias existentes neste universo também é bastante competente. A principal e mais interessante ideia desenvolvida no livro é a ideia do vírus neurolinguístico com origem na Suméria.
O grande problema é que o autor quer falar de tantos assuntos diferentes como religião, mitologia, política, tecnologia e etc., mas não consegue amarrar isso tudo em uma narrativa coesa, o que acaba resultado em um andamento arrastado e trechos grandes que simplesmente não fariam diferença se não existissem.
Outro aspecto que me desagradou foi a construção dos personagens. Hiro Protagonist é tão profundo quanto uma poça d'água; Y.T. é uma adolescente de 15 anos rebelde que o autor se esforça tanto para ela parecer descolada que me pareceu que ela saiu de algum roteiro da novela malhação. O pior e mais caricato é o Corvo, um brutamontes mutante e violentíssimo, claramente inspirado no Lobo da DC Comics.
Esta falta de habilidade do autor em construir uma narrativa envolvente só fica mais evidente conforme avançamos na história, a ponto de certos acontecimentos só se justificarem na seguinte frase: porque o roteiro quis. A relação entre Y.T. e o Corvo é simplesmente inexplicável, assim como o sentimento demonstrado por ela pelo tio Enzo, o grande chefão da máfia , que não faz o menor sentido e não se justifica na história.
O ápice desta inabilidade de Neal Stephenson é o final do livro: nas últimas 100 páginas (mais ou menos) tudo é tão jogado que eu tive a nítida impressão que o autor estava meio que de saco cheio e apenas fechando a história de qualquer jeito. Os personagens principais terminam a história, depois de muita matança e destruição, como se tivessem ido na padaria comprar pão e leite e voltado, de tão banal que foi.
Infelizmente, o meu sentimento ao terminar a leitura foi de alívio. De ponto positivo, fica apenas o meu novo interesse em mitologia Suméria.