Pileques - F. Scott Fitzgerald
- F. Scott Fitzgerald
- 114 Páginas
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Sinopse
Autor de O grande Gatsby, Francis Scott Fitzgerald aproveitou à beça os chamados “anos loucos”: festas, viagens e muita bebedeira. Mas a paixão por drinques, que no início assegurava um comportamento mais leve em festas e encontros entre os literatos da época, desandaria para um brutal alcoolismo. Tentando se livrar do vício ao mesmo tempo em que procurava evocar os dias ébrios de sua vida, Fitzgerald deixou uma série de textos - ensaios, cartas e aforismos - em que o pileque é o personagem maior. São textos que oscilam entre a graça (na característica prosa elegante do autor), o anedótico e um registro mais sombrio. “Primeiro você toma um drinque, então um drinque toma um drinque, e aí o drinque toma você”, anotou o escritor de forma irônica e acurada. Pileques, uma seleção retirada de “O colapso nervoso” e outros textos de Fitzgerald, é uma elegante e evocativa crônica da paixão de um homem pelos estados alterados da mente provocados por bebidas alcoólicas. Também o testemunho de uma era que, à distância de quase um século, parece dotada de um charme inescapável.
Resenha
pileques
Uma editora como a Companhia das Letras deveria se envergonhar de publicar um livro assim, mas a culpa não é só dela, afinal apenas traduziu um livro caça níqueis editado em 2011 pela New Directions. Que fiasco. São seis conjuntos de narrativas de F. Scott Fitzgerald. Apenas um deles, "O colapso nervoso" vale os reais que paguei pelo livro. Neste texto, em poucas páginas, Fitzgerald, sem a menor autopiedade mas com toneladas de sarcasmo e ironia total, descreve como uma pessoa fracassada e deprimida se sente (trata-se de texto de 1936, algo anterior aos ansiolíticos, a psicanálise e outras modalidades contemporâneas de fuga). Ele morreu em 1940, aos 46 anos, mas já se sentia inútil e dispensável desde bem antes dos 40 anos. "O colapso nervoso" é uma narrativa muito poderosa, cheia de frases memoráveis, algo que dificilmente deixa um leitor indiferente. Qualquer pessoa que já tenha experimentado aborrecimentos nesta vida (o que, convenhamos, reúne quase a totalidade dos homo sapiens sapiens) saberá apreciar esse capítulo do livro, que lembra algo de um outro famoso fracassado no fim da vida, Oscar Wilde, em seu "De profundis". Os outros textos são incrivelmente ridículos, devem ter sido compilados de algum cartapácio de coisas de Fitzgerald e incluídos aqui somente para fazer com que o livro pudesse ter esquálidas 100 paginas. Patético. "Seleções dos cadernos de notas" tem dez páginas de algo que originalmente deveria ser enorme; "Acompanhe o sr. e a Sra. F. ao quarto número..." é uma vagabunda compilação de experiências em hotéis, escritas entre 1921 e 1934; "Dormindo e acordando" é uma crônica besta sobre insônia; "Minha cidade perdida" é uma razoável homenagem a New York e ao mesmo tempo uma autobiografia ligeira de Fitzgerald, que percorre as transformações posteriores à queda da bolsa de valores americana em 1929 nele e na cidade, mas nada excepcional; "Seleções das cartas" é a infame reunião de três cartas curtas, uma endereçada a Edmund Wilson e duas a John Peale Bishop. Argh! Não é possivel levar um livro assim à sério. Vamos em frente.
[início: 13/03/2014 - fim: 15/03/2014]
"Pileques: drinques e outras bebedeiras", F. Scott Fitzgerald, tradução de Donaldson M. Garschagen, São Paulo: editora Companhia das Letras (Má Companhia), 1a. edição (2013), brochura 14x21 cm., 108 págs., ISBN: 978-95-359-2317-9 [edição original: On Booze (New York: New Directions Publishing) 2011]