A Natureza da Mordida - Carla Madeira

A Natureza da Mordida - Carla Madeira

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Sinopse

Depois dos arrebatadores Tudo é rio e Véspera, Carla Madeira retoma seu interesse profundo pelos conflitos humanos em A natureza da mordida.“O que você não tem mais que te entristece tanto?” É com esta pergunta que Biá, uma psicanalista aposentada, apaixonada por literatura, aborda a jovem jornalista Olívia pela primeira vez ao encontrá-la sentada à mesa de um sebo improvisado. A provocação inesperada, vinda de uma estranha, capaz de ouvir “como quem abraça”, desencadeia uma sucessão de encontros, marcados pela intimidade crescente e que aos poucos revelam as histórias das duas mulheres. “Nossa amizade começou assim, enquanto nos afogávamos”, relata Olívia.Com alternância entre as vozes, a força narrativa objetiva, descritiva e linear de Olívia contrapõe-se às anotações esparsas de Biá, cujos fragmentos de uma memória já falha e pouco confiável conduzem a um ponto de virada na trama que irá revelar ao leitor eventos que marcaram o passado de cada uma, evidenciando o paralelo entre as diferentes formas de abandono sofridas (e perpetradas) pelas duas amigas. Ao conhecer Olívia, o leitor é preparado para compreender Biá e, finalmente, refletir sobre a pergunta: o que faríamos em seu lugar?Como nos outros romances da autora, as personagens parecem saltar do papel para colocar o leitor diante de questões universais, entre elas a incondicionalidade do amor, a força do desejo, a culpa e o esquecimento, a memória e sua dinâmica inescrutável com o perdão. É também um livro sobre amizade.Com uma narrativa singular, potente e envolvente, Carla Madeira se reafirma em A natureza da mordida como um dos maiores nomes da literatura nacional contemporânea.

Resenha

esse pede uma resenha escrita meu terceiro contato com a carla madeira não poderia ter sido melhor. lendo esse livro eu entendi o que ela quis dizer em tudo é rio com "existe um certo milagre nos encontros" porque a natureza da mordida é justamente isso. um encontro milagroso entre duas pessoas carregando fardos parecidos, mas ao mesmo tempo totalmente diferentes. ambas vivem a dor do abandono, mas enquanto uma se arrepende e se culpa por isso, a outra carrega a incerteza de não saber o motivo de ter sido abandonada. parafraseando a própria autora em véspera, "quando há uma ferida aberta, nem os dias ensolarados melhoram as coisas. nem o mar. e até a brisa, musa da delicadeza, machuca." aqui, tanto uma como a outra carregam cicatrizes e dores que acreditam não serem capazes de superar, mas acabam encontrando entre elas uma possibilidade de aproveitar (ou pelo menos suportar) a vida novamente. realmente não é tolo dizer que o amor é sagrado, mas também é ilusão achar que o amor suporta qualquer quantidade de caos.