Mentes Perigosas: o Psicopata Mora ao Lado - Ana Beatriz Barbosa Silva

Mentes Perigosas: o Psicopata Mora ao Lado - Ana Beatriz Barbosa Silva

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Sinopse

EDIÇÃO COMEMORATIVA DE 10º ANIVERSÁRIO COM DOIS CAPÍTULOS INÉDITOS Eles podem ter várias faces. Disfarçados de pessoas de bem, autora de mentes ansiosas ocultam o que realmente são: seres calculistas, manipuladores e insensíveis aos sentimentos alheios. Estão ao nosso lado no trabalho, na escola, na vizinhança e no círculo familiar e, a qualquer momento, podem gerar destruição em nossa vida. Eles são os psicopatas, uma ameaça real e silenciosa para toda a sociedade. Em Mentes perigosas , a dra. Ana Beatriz Barbosa Silva revela esse sombrio transtorno de personalidade que atinge cerca de 4% da população mundial e mostra ao leitor como se prevenir contra as perversidades de uma mente psicopata. Sucesso editorial absoluto, esta edição de aniversário inclui dois capítulos novos. Um sobre psicopatas no ambiente em que deveríamos nos sentir mais seguros ― a família ― em que a autora relata conhecidos e estarrecedores casos de psicopatia. E outro sobre a conhecida relação entre psicopatia e poder, que trata de grandes tiranos da história que usaram o poder político para dar vasão aos seus impulsos mais perversos.

Resenha

Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado - Ana Beatriz É um livro muito bom, bastante esclarecedor e de fácil compreensão. No entanto, senti a falta de aprofundar mais sobre o assunto em questão. Super indico para aqueles curiosos e que gostam de estudarem sobre a "psiquê" do ser humano. Esse livro te ajudará a identificar e evitar pessoas narcisistas e pessoas que possuem um enorme potencial de serem verdadeiros psicopatas. Trechos Preferidos ????? A gente resiste muito a acreditar na existência do mal enquanto prática humana! Mas ele está aí, vizinho, rondando cada um de nós, e nem damos conta! O que assusta nessas pessoas é que elas parecem tão comuns, tão gente igual à gente. E, no entanto, a incapacidade de ter empatia pelo outro revela claramente que elas não são como a gente: psicopata não tem semelhante. Ele nem sabe o que é isso. - Gloria Perez É importante ressaltar que os psicopatas possuem níveis variados de gravidade: leve, moderado e grave. Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não ?sujarão as mãos de sangue? nem matarão suas vítimas. Já os últimos botam verdadeiramente a ?mão na massa?, com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade. A parte racional ou cognitiva dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. O meu objetivo é informar o público em geral, para que fique de olhos e ouvidos bem abertos, despertos e prevenidos. Suas vítimas prediletas são as pessoas mais sensíveis, mais puras de alma e de coração... - Ana Beatriz Barbosa Silva Ser consciente é ser capaz de amar Todas as pessoas portadoras de consciência se emocionam ao testemunhar ou tomar conhecimento de um ato altruísta, seja ele simples ou grandioso. Qualquer história sobre consciência é relativa à conectividade que existe entre todas as coisas do universo. Por isso, mesmo de forma inconsciente (sem nos darmos conta), alegramo-nos diante da natureza gentil dos atos de amor. É a consciência que nos impele a doar órgãos em momentos de extrema dor e a torcer por um final feliz. Impulsiona indivíduos a salvar muitas vidas, mesmo sabendo que pode ser o seu próprio fim. É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. A palavra psicopata literalmente significa doença da mente (do grego psyche = mente; e pathos = doença). No entanto, em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos nem apresentam algum tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo). Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de uma mente adoecida, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos. Os psicopatas, em geral, são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. São incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocarem no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Os psicopatas têm total ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira. A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Assassinos em série, pais que matam seus filhos, filhos que matam seus pais, estupradores, ladrões, golpistas, estelionatários (os famosos ?um-sete-um?), gangues que ateiam fogo em pessoas, homens que espancam a esposa, criminosos de colarinho-branco, executivos tiranos, empresários e políticos corruptos, sequestradores... Todos os crimes cometidos por esses indivíduos, de pequena ou grande monta, deixam-nos tão perplexos que a nossa tendência inicial é buscar explicações no mínimo razoáveis. E então especulamos: ?Ele parecia tão bom... o que aconteceu??, ?Será que ele não regula muito bem, estava drogado ou perturbado??, ?Será que foi maltratado na infância??. E, mergulhados em tantas perguntas, incorremos no erro de justificar e até ?entender? as ações criminosas dos psicopatas. Existem muito mais psicopatas que não matam do que aqueles que chegam à desumanidade máxima de cometer um homicídio. O medo: trata-se de uma emoção primária (inata) e necessária para a nossa sobrevivência. Além disso, ele também nos impede de tomar certas atitudes das quais poderíamos nos arrepender ou, ainda, pode nos favorecer a agir de maneira correta pelo temor das consequências futuras. Aspectos referentes ao estilo de vida e ao comportamento antissocial (transgressor) Impulsividade Esses seres impulsivos tendem a viver o momento presente (o aqui e o agora), buscando sempre a satisfação imediata dos seus próprios desejos, sem nenhuma preocupação com o futuro. Autocontrole Deficiente A maioria de nós possui o que denominamos controle arbitrário sobre nossos comportamentos. Assim, mesmo que por vezes tenhamos vontade de responder agressivamente a provocações, acabamos não agindo dessa forma, em função de sermos capazes de exercer nosso autocontrole. Os psicopatas apresentam níveis de autocontrole extremamente reduzidos. São denominados ?cabeça quente? ou ?pavio curto? por sua tendência a responder às frustrações e às críticas com violência súbita, ameaças e desaforos. Eles facilmente se ofendem e se tornam violentos por trivialidades ou motivos banais. Apesar de a explosão de agressividade e a violência serem intensas, elas ocorrem em um curto espaço de tempo, após o qual os psicopatas voltam a se comportar como se nada tivesse ocorrido. Necessidade de Excitação Os psicopatas são intolerantes ao tédio ou a situações rotineiras. Eles buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente de alta excitação. Por isso, apreciam viver no limite, no conhecido ?fio da navalha?. Nessa busca desenfreada, muitas vezes envolvem-se em situações ilegais, agressões físicas, brigas, desacatos a autoridades, direção perigosa, uso de drogas, promiscuidade sexual etc. Frequentemente mudam de residência e emprego na busca de novas situações que os excitem. Em função disso, dificilmente encontraremos um psicopata exercendo atividades que demandam estabilidade e alta concentração por longos períodos. Falta de Responsabilidade Para os psicopatas, obrigações e compromissos não significam absolutamente nada. Nas relações interpessoais, não honram compromissos formais ou implícitos com as outras pessoas. Por isso, não acredite em acordos escritos ou verbais com eles, pois nunca os cumprirão por completo. Quando a questão é família, o comportamento deles também segue o mesmo padrão de indiferença e irresponsabilidade. Quando constituem famílias (cônjuges e filhos), os psicopatas não o fazem por sentimentos amorosos, mas como um instrumento necessário para construir uma boa imagem perante a sociedade. Em geral, os psicopatas afirmam, com palavras bem colocadas, que se importam muito com sua família (pai, mãe, irmãos, filhos), mas suas atitudes contradizem totalmente o discurso deles. Não hesitam em usar seus familiares e amigos para se livrarem de situações difíceis ou tirar vantagens. Quando dizem que amam ou demonstram ciúme, na realidade têm apenas um senso de posse, como com qualquer objeto. Eles tratam as pessoas como coisas que, quando não servem mais, são simplesmente descartadas. Problemas Comportamentais Precoces Os psicopatas começam a exibir problemas comportamentais sérios desde muito cedo, tais como mentiras recorrentes, trapaças, roubo, vandalismo e violência. Apresentam também comportamentos cruéis contra os animais e outras crianças, que podem incluir seus próprios irmãos, bem como os coleguinhas da escola. É importante destacar que ninguém vira psicopata da noite para o dia: eles nascem assim e assim permanecem durante toda a sua existência. Comportamento Transgressor no Adulto Praticamente todas as sociedades se estabeleceram com base em normas e regras a partir das quais é pautado o comportamento de seus membros, o que garante à maioria deles a obediência às normas gerais a fim de evitar as punições advindas de suas transgressões. Assim, cada indivíduo tem assegurados seus direitos e deveres, de modo a proporcionar um mínimo de harmonia na convivência em grupo. Caso contrário, a convivência entre os humanos tenderia a uma total anarquia, prevalecendo simplesmente a ?lei do mais forte?. Os psicopatas não apenas transgridem as normas sociais como também as ignoram e as consideram meros obstáculos, que devem ser superados na conquista de suas ambições e de seus prazeres. Tais leis e regras sociais não despertam nos psicopatas a mesma inibição que produzem na maioria das pessoas. Ele é incapaz de amar e nutrir o sentimento de empatia [...] Sem nenhuma sombra de dúvida, o papel de liderança em cargos como diretor, gerente, supervisor ou executivo é sempre algo muito atraente para um psicopata. Esses cargos, além de oferecerem bons salários, proporcionam status social, poder e um amplo território de atuação e influência. Segundo Robert Hare, o número de psicopatas burocratas ou de ?colarinho-branco? é significativo em cargos de liderança e chefias. Por ser difícil reconhecê-los no início, eles costumam tiranizar seus colegas de trabalho, e alguns chegam até a causar grandes prejuízos financeiros para as empresas em que trabalham. Ele os denominou ?cobras de terno?, por suas ações cínicas, inescrupulosas e antiéticas na disputa por altos cargos, salários e poder. São incapazes de sentir algum tipo de arrependimento perante o mal que causaram às suas vítimas. No caso específico da violência sexual praticada por psicopatas, a situação chega a ser assustadora. Tudo indica que os estupradores em série, em sua grande maioria, são psicopatas severos. Seus atos são o resultado de uma combinação muito perigosa: a expressão totalmente desinibida de seus desejos e fantasias sexuais, seu anseio por controle e poder e a percepção de que suas vítimas são meros objetos destinados a lhes proporcionar prazer e satisfação imediata. Puro exercício de luxúria grotesca! Em relação à violência doméstica, os estudos realizados por Robert Hare com homens que agrediram a esposa revelaram que 25% deles eram psicopatas. Podemos observar que esses índices são bastante semelhantes ao número de psicopatas presentes no sistema carcerário. Isso demonstra mais uma vez que, dentro ou fora da prisão, a agressividade e a violência são marcas registradas desses indivíduos. Menores Perigosos Demais Sempre que nos deparamos com crimes bárbaros cometidos por crianças somos tomados por um sentimento de grande perplexidade. Isso acontece porque, como seres humanos, temos dificuldade em acreditar que existam crianças genuinamente más. Crianças costumam ser associadas de forma universal à bondade, à pureza e à ingenuidade. Reconhecer que a maldade existe de fato é uma realidade com a qual não gostamos de lidar. ?Antes de julgar alguém, calce suas sandálias e caminhe por uma milha?. Em outras palavras: antes de julgar alguém, coloque-se no lugar dessa pessoa, tente imaginar o que ela sente, o que pensa, e, somente depois, aja." Uma coisa é saber o que deve ser feito; a outra é agir de acordo com esse preceito. A Maldade Original de Fábrica Se existe de fato um kit de moralidade instalado em nosso ?hardware? cerebral (nossa composição biológica), como explicar o comportamento desumano dos psicopatas? Tudo indica que esses indivíduos apresentam uma ?desconexão? dos circuitos cerebrais relacionados à emoção. Só podemos ter senso moral quando manifestamos um mínimo de afeto em relação às pessoas e às coisas ao nosso redor. Dessa maneira, o comportamento frio e perverso dos psicopatas não pode ser atribuído simplesmente a uma má criação ou educação. No meu entender, a origem da psicopatia está na incapacidade que essas criaturas têm de sentir, e não de agir de forma correta. As emoções negativas são mais estudadas e compreendidas do que as positivas, e a mais conhecida de todas é o medo. Este surge quando algo nos ameaça, desencadeando uma ação de luta ou fuga. Outro exemplo de emoção importante é a raiva. Ela se apresenta frequentemente como mecanismo de defesa ou, ainda, como um meio de garantia de sobrevivência. Animais costumam agredir seus semelhantes como forma de defender seu território, disputar as fêmeas e estabelecer hierarquias sociais. Nos seres humanos, as reações de medo e raiva se manifestam de forma bastante semelhante àquela observada nos animais. No entanto, entre os seres humanos, as emoções são moduladas pela razão. Doses certas de razão e emoção é que fazem com que tenhamos comportamentos tipicamente humanos. É muito comum e até compreensível que os pais de jovens com características psicopáticas se perguntem quase sempre em um tom de desespero: ?O que nós fizemos de errado para que nosso filho seja assim??. Os pais se sentem culpados por achar que falharam na educação dos seus filhos e que não souberam impor limites. Isso é um grande equívoco! Não resta dúvida de que a educação, a estrutura familiar e o ambiente social influenciam na formação da personalidade de um indivíduo e na maneira como ele se relaciona com o mundo. No entanto, esses fatores por si sós não são capazes de transformar ninguém em um psicopata. Dicas Gerais para Lidar com os Psicopatas 1 ? Saiba com quem você está lidando. Nunca menospreze o poder destruidor de um psicopata. Todas as pessoas, incluindo os especialistas, podem ser manipuladas e enganadas por eles, mesmo que tenham um conhecimento razoável sobre o assunto. Por isso, sua melhor defesa é entender e, principalmente, aceitar que existem pessoas com essa natureza fria e devastadora. 2 ? As aparências enganam! Pessoas normais mantêm contato visual com as outras por uma gama de razões, na maioria das vezes, por educação, mas o olhar intenso e frio do psicopata é mais um exercício de poder e de manipulação do que simplesmente interesse ou empatia pelo outro. 3 ? Não se esqueça de considerar a voz da sua intuição. Sem perceber, todos nós estamos constantemente observando o comportamento das pessoas. Muitas das impressões captadas por nosso cérebro podem se acumular em nossa memória de forma inconsciente, ou seja, sem que tenhamos conhecimento racional disso. Essas informações por vezes ?guardadas? se manifestam na forma de intuição ? como se fosse um instinto protetor do nosso organismo ?, sinalizando perigos ?invisíveis?. 4 ? Abra os olhos com pessoas maravilhosas ou excessivamente bajuladoras. 5 ? Certas situações merecem atenção redobrada. Determinados lugares encaixam-se como luvas para a ação plena dos psicopatas: bares, clubes sociais, boates, resorts, cruzeiros, aeroportos. Nesses locais, eles fazem verdadeiros plantões. 6 ? Autoconhecimento é fundamental. Os psicopatas são experts em detectar e explorar nosso lado mais vulnerável. Eles identificam as ?feridas? certas e não perdem a chance de tocá-las quando podem. Assim, uma ótima forma de defesa é entender a si mesmo, saber verdadeiramente quais são seus pontos fracos. Desconfie de qualquer pessoa que os aponte com frequência, seja em particular, seja em situações públicas e pouco apropriadas. Tenha cuidado com pessoas muito críticas e que vivem atentas às suas vulnerabilidades e às dos outros. 7 ? Não entre no jogo das intrigas. A princípio, o psicopata se mostra um ótimo colega de trabalho, com espírito de colaboração e um especial interesse em oferecer seu ombro a quem necessita de uma força. Em pouco tempo, ele é capaz de se tornar seu ?melhor amigo de infância?. Logo depois, entretanto, começará a utilizar as informações colhidas no ombro amigo para fazer intrigas. E isso ele fará com você e com todos aqueles que inicialmente acreditaram em sua ?amizade?. 8 ? Cuidado com o jogo da pena e da culpa. É muito importante você entender que o sentimento de pena ou de compaixão deve ser reservado às pessoas generosas, de bom coração e que estejam em sofrimento verdadeiro. Temos a virtude de sentir tristeza diante da aflição alheia e nos compadecemos com essa dor. A compaixão faz que nos sintamos mais humanos, pois enxergamos nosso semelhante como a nós mesmos. Um psicopata não sofre de fato. No máximo, ele conseguirá sentir frustração por algo que não conseguiu concretizar. Também é muito importante ter em mente que os psicopatas se alimentam dos nossos sentimentos mais nobres, da nossa compaixão, para se tornarem cada vez mais fortes e poderosos. Sentir pena de um deles é como dar o alimento preciso para ele continuar com suas atitudes inescrupulosas. Não tenha pena de um psicopata; não gaste suas reservas de compaixão com uma pessoa desprovida de empatia. Por outro lado, um psicopata também ?brinca? com o nosso sentimento de culpa ? outra virtude. Qualquer que seja o motivo pelo qual tenha se envolvido com um psicopata, é muito importante ter em mente o seguinte: nunca aceite que ele culpe você por suas próprias atitudes. Tenha a plena convicção de que a vítima é você, e não ele. De forma muito parecida, pais de filhos psicopatas sofrem e se culpam porque se sentem responsáveis pelo desenvolvimento da personalidade de seus filhos. No entanto, tudo indica que esses pais não cometeram erros tão graves assim ? se é que os tenham cometido de fato. Os estudos sobre a personalidade psicopática revelam que a educação fornecida pelos pais pode, no máximo, exacerbar o problema, mas não existe nenhum indício de que a maneira de educar seja capaz de originar a psicopatia. Filhos psicopatas se utilizam muito do jogo da culpa. Eles costumam justificar os seus atos transgressores como consequência de comportamentos inadequados de seus pais quando ainda eram crianças. 9 ? Não tente mudar o que não pode ser mudado. Ignore os repetidos pedidos de chances teatralmente implorados pelo psicopata. Chances são para as pessoas que possuem consciência, indivíduos de bom coração. 10 ? Nunca seja cúmplice de um psicopata. 11 ? Evite-os a qualquer custo. Os psicopatas não se importam se serão magoados ou não. Isso por uma razão muito simples: eles não têm sentimentos para ser feridos. E, se demonstrarem tristeza, tenha a convicção de que tudo não passa de encenação, puro teatro. 12 ? Busque ajuda profissional. Os danos causados pela passagem (ou permanência) de um psicopata na vida de alguém são devastadores e imensuráveis. Sua vida emocional, física, profissional (ou financeira) e até mesmo sua dignidade podem ser sumariamente destruídas por um deles. 13 ? Dê valor à sua capacidade de ser consciente. O desenvolvimento da consciência provoca experiências transformadoras em nós. Mudamos a nossa forma de ver, viver, sentir e nos relacionar com o mundo. Com o aperfeiçoamento da consciência, aumentamos a nossa capacidade de amar e, com isso, temos o privilégio de praticar o amor incondicional. Exercer esse amor de forma realista e madura é ter o bem pulsando dentro de nós. Alguma coisa está fora da ordem Nossa sociedade está fundamentada em valores e práticas que, no mínimo, favorecem a maneira psicopática de ser e viver. De certa forma, estamos contribuindo para promover uma cultura na qual a psicopatia encontra um campo bastante favorável para florescer. A cultura dos tempos modernos A ideologia sobre a qual se alicerça a cultura dos nossos tempos é baseada em três princípios básicos: 1) o individualismo; 2) o relativismo; 3) o instrumentalismo. 1) O individualismo prega a busca do melhor tipo de vida a se usufruir. Entende-se como o melhor tipo de vida aquele que abrange o autodesenvolvimento, a autorrealização e a autossatisfação. De acordo com essa concepção, o indivíduo tem a obrigação moral de buscar sua felicidade em detrimento de qualquer outra obrigação para com os demais. 2) Segundo o relativismo, todas as escolhas são igualmente importantes, pois não há um padrão de valor objetivo que nos permita estabelecer uma hierarquia de condutas. Assim, qualquer ação que leva o indivíduo a atingir a autossatisfação é válida e não pode ser questionada. 3) O instrumentalismo afirma que o valor de qualquer coisa fora de nós é apenas um valor instrumental, ou seja, o valor das pessoas e das coisas se resume no que elas podem fazer por nós. O nosso principal objetivo são a realização e a satisfação pessoal. As obrigações que temos para com as demais pessoas são meramente secundárias, prevalecendo a obrigação de desfrutarmos a vida da maneira que escolhermos. Dessa forma, as outras pessoas se transformam em simples meios para chegarmos a um fim. A revolução tecnológica inundou de conforto nossa vida. Dispomos de uma imensa variedade de coisas que facilitam nosso dia a dia, porém não encontramos tempo disponível para cultivar o nosso lado afetivo. O convívio reconfortante com a família, os amigos e o amor romântico parecem ser coisas do passado, algo lembrado com nostalgia mas avaliado como utopia nos dias atuais. O desenvolvimento econômico nos tempos modernos fundamenta-se na crença cega de que não podemos parar nunca: há sempre o que aprender, conquistar, possuir, descobrir, experimentar... Nada nem ninguém é capaz de nos satisfazer plenamente, pois sempre há novas possibilidades para serem testadas na conquista da tal realização pessoal. Sem sombra de dúvida, o cenário social dos nossos tempos favorece o estilo de vida do psicopata. Ele reflete de forma precisa esse ?novo homem?, voltado somente para si mesmo, preocupado apenas com o que é seu e desvinculado da realidade vital dos que estão ao redor. A Cultura Psicopática Está no Ar No campo da ficção, os psicopatas também têm conquistado valorosos espaços. Até bem pouco tempo atrás, nas novelas, nos romances e nos filmes, nós nos identificávamos com os personagens do bem, que, em geral, eram vitimados pelas diversas circunstâncias dos enredos, mas se mantinham éticos e triunfavam ao final, e torcíamos por eles. Hoje, ficamos fascinados e atraídos pelos vilões, e é para eles que dirigimos nossa torcida. Além disso, quando esses bandidos são ricos e poderosos, acabam por se transformar em sedutores de primeira grandeza. Assim, de forma quase natural, estamos abandonando os mocinhos e seus ideais morais de justiça e solidariedade. Os heróis dos novos tempos são maldosos, inescrupulosos e isentos de qualquer sentimento de culpa. Já os personagens bonzinhos despertam em nós um sentimento de pena e até de certa intolerância com seus discursos utópicos e ingênuos. E o que dizer de nossa tolerância para com a corrupção? Chegamos ao ponto absurdo de concordar com frases do tipo: ?Fulano rouba mas faz?. Isso representa a mais pura acomodação política que experimentamos em nossa vida social. Será que acreditamos realmente na existência da corrupção benigna? Evidentemente, sabemos que não, mas tentamos criar justificativas idiotas para abrandar nossa turva consciência. Sabemos distinguir claramente o certo do errado, no entanto preferimos relativizar essa questão para nos beneficiarmos das vantagens materiais das ?pequenas? transgressões sociais.