Mariposa Vermelha - Fernanda Castro

Tolú é o demônio do romantismo Eu não sabia o que esperar quando peguei Mariposa Vermelha para ler, vi que a editora havia disponibilizado o ebook e, sem saber a sinopse, número de páginas nem nada do tipo, simplesmente comecei aquela que seria umas minhas melhores experiências enquanto leitora. Conheci Amarílis, uma jovem que vivia seguindo, religiosamente, as restritas regras da República, um governo que punia todo e qualquer indício de magia, que acatava todas as ordens, abaixava a cabeça e fingia que não havia nada de especial vivendo dentro dela, reprimindo aquilo que implorava para ser liberto. Mas as coisas mudam quando, num dia que deveria ser como outro qualquer, Amarílis se depara com aquele que fora responsável pela grande ruína da sua família e ela simplesmente não consegue se segurar ao ver-se frente a frente com todos aqueles sentimentos que ela vinha sufocando para continuar sobrevivendo. E é ai que entra Tolú. Ah, Tolú. Tolú é o demônio que nossa protagonista invoca em sua pequena e apertada sala para ajudá-la na tarefa de encontrar e matar o homem que destruiu a sua vida e, assim, obter sua vingança, mas ele não é exatamente como ela imaginava. Para começar, ele não é lá muito gracioso, como indica ao chegar tropeçando e atordoado em sua casa. Apesar de sua aparência, ele também não mete muito medo com sua inclinação de ficar observando o céu e as estrelas da varanda do apartamento de Amarílis. E ele é um demônio bem simpático, com uma predisposição a gracinhas e piadas que tiram a sempre muito séria Amarílis da sua zona de conforto. Não vou mentir. Estou obcecada por Tolú. Eu nunca pensei que um dia diria isso, mas: ele é o demônio dos meus sonhos. Sério. Tolú é prestativo, gentil, atencioso, fofo, engraçado, ele pode influenciar a mente de qualquer um que te perturbe a te deixar em paz, ele desce o cacete em ditadores, te leva pro mal caminho e desperta o que há de pior em você. Como diria Amarílis: o que mais uma mulher poderia querer? O romance entre os dois é daqueles de dar gritinhos agudos enquanto lê - sério, sem exagero. Eu me diverti DEMAIS e só de escrever sobre isso o sorriso de bobona já abriu aqui. Ver a confiança surgir e passar para uma admiração e dali uma tensão sexual e depois amor foi bom DEMAIS e a Fernanda fez isso da maneira mais perfeita que existe. Em paralelo, é claro, estava a transformação da Amarílis em uma personagem acanhada, que se escondia do mundo, que preferia fingir que não existia e passar despercebida a assumir a mulher forte e extremamente poderosa que ela é. Essa não é uma história sobre uma personagem boa que converte um demônio e o traz para o "bom caminho". Essa é a história de uma mulher que escondia seu lado sombrio, seus poderes e o que ela realmente era, até conhecer um demônio que deu a ela o empurrãozinho que ela precisava pra se tornar pior que ele. E essa história é fantástica. Parabéns, Fernanda Castro. Você escreveu um livro maravilhoso e eu nunca me recuperarei dele. Tolú, minha casa está aberta para você, querido. "Você não faz ideia de como é preciosa, não é? É um desperdício que uma mulher como você viva enjaulada. Você é um presente para o mundo, Amarilis. Nunca peça desculpas por ser quem é."