Lisboa, 1939-1945: Guerra nas Sombras - Neill Lochery
- Neill Lochery
- 343 Páginas
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Sinopse
Mesmo não tendo sido palco de nenhum conflito armado, Lisboa teve grande importância na Segunda Guerra Mundial. Último portão de saída da Europa, a capital portuguesa abrigou grande parte da realeza europeia exilada, refugiados em fuga para os EUA e uma série de espiões, banqueiros, judeus proeminentes e artistas que tentavam escapar dos conflitos, como o pintor Marc Chagall e o escritor Graham Greene.
Com base em ampla pesquisa, o historiador Neill Lochery revela os bastidores da guerra ao contar a história de um país relativamente pobre que não apenas sobreviveu à guerra fisicamente intacto, como emergiu dela muito mais rico do que quando o conflito teve início.
Resenha
A Nociva Naturalização do Salazarismo
Na História com “H” maiúsculo é notório e sabido que muitos personagens históricos são dotados de imensas contradições e, portanto, é muito problemático santificar estes tais personagens. Nem a maior das contradições apaga uma personalidade ou personagem histórico que fez um mal tão grande aos seus semelhantes. Em “Lisboa: 1939-1945 Guerra nas Sombras”, escrito pelo historiador britânico Neill Lochery publicado em 2011 temos uma normalização das contradições de um personagem histórico português: Antonio Oliveira Salazar.
Salazar, um ditador de marca já conhecida e registrada na história portuguesa criou um modelo de política ao qual é conhecido na historiografia como salazarismo. Ele comandou Portugal de 1932 até 1970, e o salazarismo perdurou até depois de sua morte quando finalmente foi posto abaixo pela população portuguesa em 1974. Neste livro o tom da escrita do autor enfatiza as qualidades de Salazar em detrimento ao caráter sanguinário e autoritário de seu governo.
Retratando as dificuldades de Portugal manter a sua integridade territorial e política durante a Segunda Guerra Mundial, Neill Lochery ressalta o papel de Salazar como líder a conseguir tirar vantagem da guerra, mantendo a neutralidade aparente, e se utilizando da antiga aliança Anglo-portuguesa, conseguiu extrair vantagens tanto dos Aliados, quanto das potencias do Eixo. A neutralidade permitiu a Portugal manter-se longe das frentes de guerra, mantendo a integridade territorial. Contudo, a penúria e a pobreza de Lisboa contrastavam com as vantagens econômicas que o governo levava vendendo tungstênio, permitindo a entrada de refugiados de guerra, ricos banqueiros,, atividades de espionagem de ambos os lados do conflito, sem se envolver formalmente com qualquer partido da guerra.
O autor fez um trabalho muito extenso de pesquisa, um esforço monumental através de uma bibliografia e uma vasta análise de documentação. Mas o ponto principal foi o fato da relativização de Salazar, que em muitos momentos é posto como um homem humilde, austero, grande negociador. O autor peca ao dar o tom um suavizado e salvador do ditador. O entendimento do livro se resume a essa frase: “O ditador Salazar salvou Portugal de entrar na guerra e ainda gerou lucros para o país.”
Meu amigo, você não vai mudar o fato de que o Salazarismo é tremendamente nocivo dando toques suaves de normalização da figura de Salazar. Não! O Salazarismo é nocivo! Salazar é um ditador sanguinário e o seu regime do Estado Novo se assemelha a Ditadura Militar Brasileira, é pernicioso e merece estar na Lata de Lixo da História como exemplo de referencial a ser expurgado da humanidade. Compreendo o esforço de pesquisa, mas o autor vacilou feio ao pintar Salazar como salvador da pátria portuguesa.