Hyperion - Dan Simmons
- Dan Simmons
- 672 Páginas
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Sinopse
Um livro que já nasceu clássico, Hyperion é daquelas leituras imersivas que prendem o leitor até o final. Numa galáxia à beira do fim dos tempos, sete peregrinos têm seus destinos entrelaçados e, um deles, o destino da humanidade nas mãos.
Resenha
Aviso ao leitor: quem se interessar precisa estar disposto a comprar e ler não só este volume como também "The Fall of Hyperion", pois este livro é, no fundo, um longuíssimo prólogo. É indispensável para entender o que se passa, mas é no segundo livro que a história propriamente dita se desenrola.
Trata-se aqui de uma estranha peregrinação a um santuário em um planeta periférico à civilização deste universo (povoado por humanos espalhados por muitos sistemas solares, por volta do século 28), no qual seis dos peregrinos contam suas histórias e explicam o que os levou lá, seguindo bem de perto o modelo de "Os Contos de Canterbury (ou Cantuária)" de Geoffrey Chaucer. É apenas uma das referências da literatura anglo-saxônica citadas pelo livro. A principal é, naturalmente, o poema "Hyperion", de John Keats, obsessão de vários personagens-chave do romance e que dá o nome ao planeta que serve de cenário.
Do ponto de vista da verossimilhança científica e tecnológica, deixa a desejar nos detalhes. Os mundos mais avançados dessa civilização estão interligados por um sistema de teletransporte instantâneo, enquanto os menos desenvolvidos são atingidos por espaçonaves que viajam a velocidades relativísticas (pouco inferiores à da luz). Entretanto, uma vez em Hyperion, até veículos aéreos são raros: personagens viajam por regiões selvagens em barcaças arcaicas, comparáveis às "gaiolas" do Amazonas. Em outros mundos, veículos aéreos são comuns, mas se apoiam em um princípio absurdo: voam por levitação magnética, ou seja, "repelem" o campo magnético do planeta. No livro, o processo não se aplica a Hyperion porque o campo magnético desse planeta é "fraco". Na vida real, não se aplicaria a mundo algum - mesmo nos que têm campos "fortes", como a Terra, este é extremamente fraco em relação à força da gravidade.
Essas falhas devem ser relativizadas porque esta obra é mais de ficção teológica do que ficção científica. A especulação que realmente importa é sobre a natureza do Deus católico - em um tom extremista e "cruzadista" que demonstra muito preconceito contra outras religiões, principalmente o Islã e o budismo. A falta de consistência interna a alguns aspectos do seu universo se explica quando se percebe que a trama é dominada por metáforas externas de caráter religioso, mais que por uma lógica interna.