A Cidade do Sol - Tommaso Campanella

A Cidade do Sol - Tommaso Campanella

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Sinopse

Obra escrita em 1623, onde o autor sugere um modelo de sociedade segundo suas convicções e apoiado em filósofos como Aristóteles, Platão, Sócrates e vários teólogos do cristianismo.

Resenha

A Cidade do Sol, localizada no alto de uma montanha no atual Sri Lanka, era uma cidade-estado governada por um sacerdote-filósofo, Hoh (o Metafísico), com poder absoluto. Era assessorado por três outros pontífices - Pon (a Potência, encarregado das artes da guerra), Sin (a Sabedoria, encarregado das artes liberais, mecânicas, das ciências e da instrução) e Mor (o Amor, encarregado da reprodução humana). "O futuro Hoh é reconhecido muito tempo antes da eleição. Este só pode ocupar tão eminente dignidade depois de completar 35 anos. O cargo é perpétuo, enquanto não se descobre outro mais sábio e melhor indicado para governar a república." Os outros funcionários são eleitos pelos quatro primazes, - juntamente com os magistrados da arte a que devem consagrar-se. A cada lua nova e a cada lua cheia convoca-se a assembléia, da qual participam os maiores de vinte anos, podendo cada um expor o que julga faltar à república e dizer se os magistrados desempenham bem ou mal suas funções. Todos os funcionários podem ser substituídos de acordo com a vontade do povo, excetuados os quatro primeiros. Estes, depois de uma conferência, cedem os cargos aos que julgam de maior engenho e de costumes mais puros. Depois de desmamadas, as crianças eram criadas em comum. Dos três aos sete anos, eles aprendiam a língua e o alfabeto. Depois disso, eram arrumadas e iniciavam os estudos sérios de ciência, mecânica, agricultura e artes. A propriedade era possuída em comum. Não havia individualismo ou propriedade privada. Também não havia riqueza, roubo, assassinato, estupro, incesto, prisão ou tortura. A utopia de Campanella, a primeira a dar um papel mais importante às ciências naturais, era tecnologicamente avançada. Seus habitantes "usam carros munidos de velas, que servem mesmo quando sopra vento contrário, graças a um admirável aparelhamento de rodas." Todos, homens e mulheres, eram obrigados a se exercitar e preparar para a guerra e vestiam-se de forma semelhante: "tanto os homens como as mulheres usam roupas iguais, próprias para a guerra, com a única diferença de que, nas mulheres, a toga cobre os joelhos, ao passo que os homens os têm descobertos" e também eram treinadas para a guerra. "Sabem atirar balas de fogo com arcabuzes, formá-las com o chumbo, lançar pedras do alto e marchar ao encontro do ímpeto inimigo." A Cidade do Sol tinha um programa de eugenia: os humanos eram selecionados para cruzamento tão cuidadosamente quanto os animais domésticos. Os magistratos indicavam os casais escolhidos para ter relações sexuais: "uma mulher grande e bela se une a um homem robusto e apaixonado, uma gorda a um magro, uma magra a um gordo, e assim, com sábio e vantajoso cruzamento, moderam-se todos os excessos". Nenhuma mulher, antes dos 19 anos, pode consagrar-se à geração; quanto aos homens, devem ter ultrapassado os 21, e até mais quando de compleição delicada. Antes dessa idade, permite-se a alguns a mulher, mas estéril ou grávida, a fim de que, impelidos por excessiva concupiscência, não se abandonem a excessos anormais. Às mestras matronas e aos velhos mais idosos, incumbe proporcionar o prazer aos que, mediante pedido secreto ou nas palestras públicas, tenham revelado possuir mais poderosos estímulos. As mulheres eram compartilhadas pelos homens e postas sob disciplina severa: "se uma mulher não é fecundada pelo homem que lhe é destinado, é confiada a outros; se, finalmente, se revela estéril, torna-se comum, mas lhe é negada a honra de sentar-se entre as matronas na assembléia da geração, no templo e à mesa". Campanella também disse que "se qualquer mulher tingir seu rosto ou usar sapatos de salto alto... é condenada à pena capital." A utopia de Campanella foi a primeira a enfatizar a prosperidade resultante das técnicas e as artes, mas sem distinguí-las da magia e da astrologia, nas quais acreditava.