As Chamas do Paraiso - A Roda do Tempo Vol. 5 - Robert Jordan

Quase 950 páginas de muita enrolação, mas superou o último. Alguns spoilers logo ali, meu anjo... Depois de dois anos de muita hesitação e de cogitar abandonar essa série depois do super chato e decepcionante quarto volume, a série de tv me deu a motivação necessária para seguir em frente, me lembrou um pouco dos elementos que eu tanto gosto na história do Jordan (principalmente, mulheres com poderes rs), então eu finalmente comecei o quinto volume. E não foi um começo fácil. Se eu amo um livro, eu costumo reter mais informações e lembrar a história por mais tempo; se eu não gosto, o mesmo não acontece por óbvias razões; portanto, de A Ascensão da Sombra, eu lembrava quase nada, e como essa saga é gigantesca, eu tive que fazer um update para conseguir lembrar alguns fatos. E pela primeira vez fiquei contente pelo Jordan repetir coisas que supostamente já se sabe. Acho que eu fui dura sobre isso em leituras anteriores, mas tudo é uma questão de perspectiva. Enfim... meu começo foi complicado, mas em pouco tempo me habituei novamente. Apesar desse livro ter melhorado muito em relação a alguns dos problemas que notei no quarto livro, ainda não seguiu a mesma qualidade dos primeiros volumes. Infelizmente, o Jordan persiste em dois dos principais problemas: a enrolação e o cabo de guerra entre os sexos. Meu, novamente, mais de 900 páginas, e você consegue contar nos dedos de uma mão os momentos realmente significantes dentro da história. Você também consegue enumerar os poucos momentos que decididamente precisavam estar lá. Mas, em contrapartida, são inúmeras as passagens que não precisavam de descrições tão longas, a exemplo: o conflito interno entre os Aiel é um lengua-lengua sem fim; foi pavimentado como um grande momento dentro da história, virou um momento anticlimático. Nynaeve e cia acompanhando o grupo itinerário não precisava de tanta descrição, ninguém quer saber da Elayne atravessando uma corda bamba, nem da briga da Nynaeve com uma tratadora de animais ou homens ou as amigas. Conflitos com Abandonados, Amigos das Trevas e Ajah Negra, pode, tudo bem, ótimo, manda mais; Mat com um blá blá blá eterno sobre ir embora, quem ele é, o destino dele... ARGH!! Até Rand teve um desenvolvimento melhor do que ele nesse aqui. E, finalmente, o trabalho porco que o Jordan faz nos relacionamentos entre mulheres e homens. Há sempre uma piada a cada três páginas com o teor: "Homens não fazem nada certo.", "Mulheres são irracionais." E então, há milhares de discussões e cabos para medir quem pode mais, o que não acrescenta NADA à história e eu não entendo o ponto disso. Pra mim, esse é o principal motivo para ainda não considerar essa uma saga premium. Mas, como nem tudo é negativo, tem muitas coisas que eu curti nesse volume. No último livro, Min foi a personagem que mais me agradou, e nesse, o mesmo aconteceu. Eu adoro a personagem, ela é a mais "pé no chão" dentre todos, aquela que não quer se meter em confusão e não tem muitas complicações, mas mesmo assim se ver parte do grande jogo da Roda. Apesar de não ter muitos momentos excitantes, a viagem dela em companhia de Siuan, Leane e Logain, foi o melhor pra mim. Gosto de todos esses personagens e gostei da interação entre eles, e quero ver uma Min mais presente na história. Outra coisa que eu gosto muito: Nynaeve+Elayne+Tom. Esses três, juntos ou separados, foram os que entregaram mais momentos interessantes: Nynaeve e Elayne sendo capturadas pela agente da Torre, Nynaeve encontrando Moghedien em Tel’aran’rhiod e Nynaeve conhecendo um profeta fanático que ver Rand como um deus e que parece que vai trazer muitos problemas pela frente. Eu AMO quando autores escrevem sobre fanatismo religioso e como isso pode gerar caos, o que normalmente acontece, seja em ficção ou na vida real. Estou bem animada pra saber o que esse maluco vai aprontar para cima das pessoas, especialmente das mulheres. Outras coisas que amei: a heroína Birgitte, os povs de Morgase e Bryne são bem legais, eu curti bastante e queria ter visto mais. O amadurecimento de Rand também foi uma boa surpresa. Apesar dele continuar chato em relação às mulheres a sua volta, especialmente Moirane, eu senti que ele encheu menos o saco porque finalmente eu percebi um desenvolvimento, o percebi passar de garoto birrento para um homem. Meio birrento ainda, mas finalmente me pareceu que ele está virando o homem que era destinado a ser, e eu gostei muito de ver um aspecto mais dark do Rand. Eu sei que a história sobre o martírie, o salvador, mas eu gostaria de ver Rand cair antes do grand finale. Eu quero ver um Rand perdido na mácula, antes da grande guerra. O final foi ótimo. Não posso dizer que todos os eventos me surpreenderam ou me impactaram (Moiarene+Lanfair), mas alguns eu realmente não esperava (Mat+Aviendha/Nynaeve+Moghedian). Eu gostei o suficiente para me motivar a ler o sexto. Mas são mil páginas e eu já estou receosa. Essa série é muito boa e tem os elementos fundamentais de um grande epic fantasy, mas para mim, o Jordan se estende sem necessidade e não consegue narrar relacionamentos que sejam normais e saudáveis. Eu quero continuar até o final, mas não sei até que ponto consigo relevar isso. Enfim, esse foi um bom livro, definitivamente melhor que o último, mas eu espero maiores avanços e qualidade superior do próximo. Veremos.