O Amor Natural - Carlos Drummond de Andrade

O Amor Natural - Carlos Drummond de Andrade

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Sinopse

O AMOR NATURAL é sem dúvida o livro mais ousado do poeta. Publicado após a morte do autor, trata do amor com uma linguagem desnuda, quase pornográfica, dividindo as opiniões sobre seu conteúdo: seria uma obra obscena ou um exercício estético do erotismo? Muitos dos poemas foram compostos antes mesmo da década de 1970, e já freqüentaram revistas eróticas como Homem, Ele&Ela e Status. Durante sua vida, Drummond evitou publicá-los em livro, antes da revolução sexual e de costumes, por receio de serem confundidos com pornografia. Em 1985, o poeta — que nunca considerou esses escritos um trabalho menor — concordou em ceder 39 dos 40 poemas reunidos em O AMOR NATURAL à pesquisadora Maria Lúcia Pazo Ferreira, para que esta os analisasse em tese acadêmica. A conclusão a que chegou Maria Lúcia é de que o erotismo em Drummond tem um fundo místico e se afasta da pornografia. O escritor tampouco teve intenção de privar o público de conhecer seus poemas eróticos. O que fez foi instruir seu neto e herdeiro Pedro Augusto a publicá-los após sua morte, na data em que achasse mais conveniente. O erotismo, na verdade, não chega a ser uma novidade na obra de Drummond. Como lembra Affonso Romano de Sant’Anna: “O tema do amor e do erotismo não é exclusividade de O AMOR NATURAL. Ele está presente em todos os seus livros. O que ocorre agora é um desnudamento temático.” O que se pode acrescentar à observação de Sant’Anna é que este desnudamento, feito sem ânsia e com perícia por Drummond, torna-se extremamente excitante.

Resenha

A sexualidade está ali, nos versos mais simples aos mais complicados Amor - pois que é palavra essencial “(...) O corpo noutro corpo entrelaçado, fundido, dissolvido, volta à origem dos seres, que Platão viu completados: é um, perfeito em dois, são dois em um. Integração na cama ou já no cosmo? Onde termina o quarto e chega aos astros? Que força em nossos flancos nos transporta a essa extrema região, etérea, eterna? (...)” Carlos Drummond de Andrade – O Amor Natural O AMOR NATURAL apresenta um lado pouco conhecido de Drummond: são poemas eróticos e foram publicados somente após a sua morte. Não é de se espantar que tenha sido desta forma: o poeta tinha horror de ser tachado como pornográfico, por isso, a obra apenas saiu da gaveta para virar livro em 1992. Os poemas são sim de cunho erótico, mas não são, em minha opinião, vulgares ou debochados, ao contrário: o sexo aparece como algo atraente e belo, passando por um completo despudor, e são versos onde o ato sexual não eleva nem rebaixa, mas apenas expõem a condição simples, natural e crua de ser humano. Mesmo nas questões cotidianas narradas de forma simples – e como não poderia deixar de ser, poéticas – encontramos a sexualidade, os desejos, as fantasias, o corpo. Algumas pessoas fãs da poesia de Drummond podem até ficar chocadas, mas não creio que seja pelo conteúdo erótico, mas por encontrar um lado do poeta nunca antes exposto. Para mim, o livro mostrou que o “homem” também existia, além do poeta que já admirávamos. Vale a pena conferir esta obra e perceber que, no fundo, o amor é sempre natural.