10 Livros que Estragaram o Mundo - Benjamin Wiker

10 Livros que Estragaram o Mundo - Benjamin Wiker

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Sinopse

Benjamin Wiker, Ph.D. em Ética Teológica e professor em renomadas universidades americanas, como a Thomas Aquinas College, na Califórnia, reúne e analisa quinze livros que considera tão prejudiciais para o desenvolvimento do mundo que afirma, sem rodeios, que hoje estaríamos bem melhor sem eles. A começar pelo clássico de Maquiavel, "O Príncipe", o autor faz uma jornada de 450 anos e, depois de passar por escritos de Descartes, Rousseau, Lênin e Hitler, analisa as falácias de pesquisadores tarimbados mais recentes, como Alfred Kinsey, Margaret Mead e Betty Friedan. Sem deixar de argumentar com seriedade e consistência, Wiker ainda nos presenteia com uma linguagem bastante direta e divertida, fazendo-nos lembrar do brilhante ensaísta britânico G. K. Chesterton.

Resenha

De certa forma, um exercício de má-fé intelectual Sou uma pessoa apaixonada por livros e, por conta disso, volta e meia me pego interessada por matérias/livros no estilo "Os melhores livros", "Os maiores livros" - e por aí vai. Por isso, ao ver um título tão forte e provocativo (ora, livros que 'estragaram' o mundo!?!), minha curiosidade foi atiçada e decidi lê-lo, para saber quais seriam essas obras literárias tão terríveis. Ao final da leitura, terminei profundamente decepcionada com o livro e com o autor. As razões, explicarei no texto que se segue. Logo de cara, ele nos introduz a quatro livros: "O príncipe - de Maquiavel", "Discurso sobre o método - de René Descartes", "Leviatã - de Thomas Hobbes" e "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens - de Jean-Jacques Rousseau", e explica ao leitor por que os considera danosos. Usando-os como base, ele segue apresentando outras dez obras que teriam sido de uma forma ou de outra inspirada por uma ou mais obras desse quarteto original (Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels; Utilitarismo, de John Stuart Mill; A descendência do homem, de Charles Darwin; Além do bem e do mal, de Friedrich Nietzsche; O Estado e a Revolução, de Vladimir Lênin;O eixo da civilização, de Margaret Sanger; Minha luta, de Adolf Hitler; O futuro de uma ilusão, de Sigmund Freud; Adolescência, sexo e cultura em Samoa, de Margaret Mead; O relatório Kinsey, de Alfred Kinsey) - arrematando com o que ele considera como uma "menção desonrosa", o livro "A mística feminina, de Betty Friedan". Pois bem. De uma forma geral, o autor busca apresentar ao seu leitor do que trata o livro discutido no capítulo a ele dedicado, e apresenta o que em seu ponto de vista seriam os seus pontos falhos e as razões pelas quais ele acha que a obra em questão acabou mostrando-se danosa à humanidade. Ele tem alguns pontos de vista realmente muito interessantes, e que merecem uma atenção especial, principalmente quando trata dos livros de temática científica, onde questiona os métodos científicos empregados para se chegar aos resultados apresentados nos livros, bem como faz indagações incômodas, porém, bastante relevantes: muitos desses cientistas eram pessoas que tinham estilos de vida fora dos padrões e, então, não seriam a finalidade dessas pesquisas apresentadas, mais do que revelar a verdade, servirem de fundo para “validar” o que até pouco tempo antes da publicação dessas obras era considerado tabu? (isso ainda é uma realidade em nossos dias, onde um cientista denuncia os malefícios de determinado alimento e, dias depois, outra pesquisa surge, negando completamente a primeira, e por aí vai...). Ou nos sobre política, onde se fala sobre um sistema de governo utópico que, quando se torna real, se mostra tão nefasto quanto o regime anteriormente combatido (no caso, o comunismo) – e por aí vai. Mas nem tudo são flores. Uma leitura mais atenta mostra que esta mesma obra poderia ser incluída em uma lista de livros que poderiam produzir grandes estragos após uma leitura mais superficial ou descuidada. Logo de cara, incomodou-me em muitos dos livros abordados a obsessão do autor com o fato de o escritor ser ateu, e o ateísmo do escritor como sinônimo de mente distorcida e usina de más ideias. Curiosamente, um dos únicos livros apresentados cujo escritor seria religioso (Mein Kampf, de Adolf Hitler), poderia levar um leitor mais atento a se questionar: "Ora, o cidadão ali era religioso e olha só no que deu!". Astutamente, ele resolveu essa situação explicando que Hitler era um ateu no seu íntimo, e um religioso seletivo no público (ou seja: quando de seu interesse, negava ou apegava-se à religião a seu bel prazer). Outra coisa que me incomodou bastante foi a escolha de determinados exemplos pelo autor para se fazer mais claro, e que considerei capciosos, na medida em que tocavam em temas em que mesmo nos dias de hoje, em que as pessoas têm um acesso maior e mais fácil à informação, ainda assim provocam discussões acaloradas e que, muitas vezes, beiram a irracionalidade (como o aborto, ou o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo). Aliás, admirou-me muito que entre tantos livros “denunciados” pelo autor, não constasse nenhum de temática/autor religioso (e vários poderiam ser incluídos nesse rol, como o nefasto Martelo das Feiticeiras – o Malleus Malleficarum). Depois, ao ver no final do livro que o escritor era um teólogo, minha admiração transformou-se em decepção ao notar que, mais que o desejo honesto de debater sobre o tema em questão, havia (disfarçado sob uma argumentação esperta e ardilosa) o desejo de provar um ponto de vista conservador baseado na crença, entre outras coisas, de que nada de bom pode advir da cabeça de pessoas que não têm uma base religiosa ou tradicionalista. No fim, achei muito sensacionalismo por nada. De certa forma, um exercício de má-fé intelectual. Afinal, NENHUM dos livros listados lá deveria estar em uma lista de livros que “estragaram o mundo”, e NENHUM deles deveria ser impedido de ser publicado. Não nego que há pessoas mais fracas que são suscetíveis a determinadas idéias, mas, em minha modesta opinião, não foi o texto publicado nesses livros que “estragou” o mundo – mas sim a leitura apressada, preguiçosa, sem reflexão, feita por determinadas pessoas, que não procuraram se aprofundar, ver todos os ângulos da questão que estava sendo abordada. A arrogância de determinados leitores considerados mais cultos e que, ao verem determinadas credenciais diante do nome dos autores das obras (PhD, MD, etc.) as tomaram como expressão total da verdade – entre outras inúmeras razões que poderiam ser apontadas aqui. Quer seja impresso em papiro, papel, digital – não interessa como seja produzido um livro. Ele sempre estragará o mundo quando você abrir mão do controle ao lê-lo, e permitir (por mais que seu ponto de vista seja semelhante ao do autor) que outra pessoa pense por você.