Não Trocaria Minha Jornada por nada - Maya Angelou
- Maya Angelou
- 75 Páginas
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Sinopse
Racismo. Abuso. Libertação A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e necessária, dando voz aos jovens que um dia foram, assim como ela, fadados a uma vida dura e cheia de preconceitos. Com uma escrita poética e poderosa, a obra toca, emociona e transforma profundamente o espírito e o pensamento de quem a lê.Maya Angelou foi criada em Stamps, Arkansas. Além das autobiografias que se tornaram best-sellers, que incluem Eu sei por que o pássaro canta na gaiola e The heart of a woman, ela escreveu vários livros de poesia, dentre eles Phenomenal woman, And still I rise, on the pulse of morning e Mother. Maya Angelou faleceu em 2014.
Resenha
Meu primeiro contato com Maya Angelou aconteceu na graduação. Não havia publicação de seus livros ou poemas no Brasil e as edições importadas estavam muito além do poder aquisitivo de um graduando. Conhecemos, então, um pouco de sua poesia e alguns capítulos do Caged bird. Naquela época, Maya me ensinou que havia uma literatura silenciada, escritores e (principalmente) escritoras negras cujas vozes não interessavam, ou não vendiam, ou não eram “universais” o suficiente para chegar às estantes brasileiras.
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Pássaro na gaiola é um relato de infância, esforço autobiográfico de uma mulher que, pode-se dizer sem exageros, foi quase-tudo na vida. Lançado em 69, é o primeiro de uma série de cinco volumes e, como todo relato daquela ordem, os capítulos não são estritamente conectados nem seguem uma cadência narrativa em direção a um clímax ou desenlace. Os episódios aparecem, destarte, à medida que podem elucidar aspectos da personalidade, bem como da formação ético-afetiva de quem conta a própria história. Cada personagem é também um pedaço de Maya, e eles ficam apenas o tempo necessário à reelaboração de silêncios, traumas e epifanias. Nada mais epifânico (e poderoso), por exemplo, que o capítulo 23, quando Angelou descreve a cerimônia anual de formatura na escola de negros—naquele instante fica fácil perceber que o livro não é apenas uma voz, é também um lugar de resistência onde lágrimas não são enxugadas com vergonha.
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Maya me ensinou que literatura é política. Que falar bem ou mal de literatura é política. Que mencionar este livro aqui e aquele lá não, é uma decisão política. Vozes e silêncios são políticos. Omissões são políticas. É graças às vozes de Maya, de Carolina, de Maria Firmina, de Mariele, de Evaristo, de Djamila, de Sorjouner Truth, de Chimamanda, de Mukasonga, de Walker, de Morisson, de Shange, de Harriet E. Wilson, e de muitas outras e outros, negros, lgbts, indígenas e quilombolas, que ganho fôlego para levantar minha voz contra o voto perverso do silenciamento. Maya, lá de suas memórias de infância, também ensina.