A Quinta Testemunha - Michael Connelly

A Quinta Testemunha - Michael Connelly

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Sinopse

Em mais um suspense policial ao melhor estilo de Raymond Chandler, Michael Connelly retoma a figura de um de seus maiores protagonistas: Mickey Haller. O autor best seller, sucesso de crítica e público, situa seu melhor advogado de volta à defesa, após uma rápida e bem-sucedida incursão como promotor. Haller vive tempos difíceis. A procura por advogados criminalistas em Los Angeles praticamente sumiu graças à crise econômica. Com cada vez menos clientes pagantes, ele se vê obrigado a expandir seus negócios para a defesa de processos de despejo, mudando de clientela. Em vez de manter os réus fora da prisão, ele agora precisa manter os inadimplentes dentro das próprias casas, na contramão da onda de despejos causados pela crise do mercado imobiliário. O cenário muda quando Lisa Trammel, uma de suas novas clientes, é acusada de assassinar o banqueiro que supostamente tentou lhe tomar a casa. Após oito meses da luta de Lisa, o CEO de seu banco, Mitchell Bondurant, é encontrado morto com um tiro na cabeça. Ela é a suspeita mais óbvia, graças à atenção negativa que havia recebido por suas atitudes contrárias à política de despejos. Mickey se vê de volta ao seu lugar: protagonizando um caso que conquistou a atenção da mídia. Ele coloca sua equipe em ação para inocentar Lisa, tentando superar uma longa lista de provas comprometedoras, um promotor impiedoso e suas próprias suspeitas quanto à sua cliente. Logo, suas investigações começam a incomodar indivíduos poderosos, capazes de qualquer coisa para ocultar seus erros. Ao desbravar uma trilha infestada de segredos e ciente do perigo que corre, o advogado luta para montar a melhor defesa de sua carreira, em um julgamento no qual nada é exatamente o que parece. Para descobrir a verdade sobre o assassinato de Bondurant, Mickey será forçado a desenterrar duras verdades sobre si mesmo.

Resenha

- Quem é o autor? Essa pergunta é bem pertinente antes de começar a ler um livro cujo tema principal é uma investigação policial e um posterior julgamento. O autor tem base para contar sua história? Haverá verossimilhança no caso? A investigação, bem como o julgamento terão base jurídica? Isso é MUITO importante na hora de se escolher um BOM livro no tema para ler. E sem mais enrolação: Michael Connelly preenche todos os requisitos e vai além, com uma lista gigantesca de livros já publicados. Agora vamos à: - Premissa Mickey Haller é um advogado de defesa que teve que se afastar da área criminal, pois, com a crise imobiliária que seu país atravessa, ninguém tem dinheiro para bancar uma boa defesa. Aproveitando a onda de processos contra bancos, Michey se especializa na área imobiliária e passa a defender pessoas que estão prestes a perder suas casas para os bancos por falta de pagamento das hipotecas. O advogado já está há alguns meses na área e conseguiu uma certa fama no ramo. Mas seu coração continua com a área criminal, até que uma de suas clientes, Lisa Trammel, é presa sob a acusação de assassinato de um banqueiro envolvido no processo para retomar sua casa. Michey fica então sob os holofotes e se vê em meio ao caso mais famoso e defendendo uma mulher que já é conhecida na mídia por sua ferrenha luta contra os abusos bancários. Apresentada a trama do livro, vamos à: - Narrativa - a.k.a "Balé jurídico" Você gosta de séries policiais que terminam em julgamento? Se sua resposta foi um sonoro "SIM!", esse livro foi feito na medida para você. Michael Connelly nos apresenta o caso de Lisa Trammel desde sua prisão até o ponto final de seu julgamento. A narrativa é feita em primeira pessoa, sob a visão de Mickey, mas não pense que por conta disso o enredo fique amarrado. Pelo contrário. Mickey, como um bom advogado de defesa, é superatento a tudo que ocorre em seu redor e a visão em primeira pessoa, é usada sagazmente pelo autor para que as ferramentas jurídicas usadas pelo protagonistas sejam explicadas de forma clara ao leitor sem que a situação pareça forçada a nossos olhos. Quando uma lei é revista, quando uma situação é ponderada, quando uma manobra jurídica é utilizada, o autor, através dos pensamentos de Mickey, nos apresenta todos os cenários e seus possíveis desdobramentos. O livro é dividido em quatro partes, que são como atos de uma peça. Connelly dividiu seu texto de uma forma que vamos acrescentando fatos aos que já temos acumulados de forma clara e objetiva, ao ponto de podermos chegar às nossas próprias conclusões sobre o julgamento em si. Em dado momento, o protagonista cita a música "Bolero", de Ravel e a toma como exemplo para a construção da apresentação do caso da promotoria, onde tudo é orquestrado para as notas - no caso do julgamento, as provas de acusação - sejam tocadas de forma a irem se acumulando até atingirem o clímax. Tomo aqui emprestado essa comparação. O texto de Connelly corre exatamente dessa forma. As notas vão subindo de volume, a narrativa vai se avolumando, até que o autor apresenta seu clímax, deixando o leitor de queixo caído. - Construção dos personagens e apresentação do plano de fundo Mas antes de me aprofundar na narrativa, quero deixar claro que esse é o quarto livro da série, isso por si só causa uma certa estranheza com a vida pessoal dos personagens que estão na série toda. Por exemplo, Mickey revela várias situações que aconteceram nos livros anteriores e inclusive dá um baita spoiler da série do investigador "Harry Bosch", que trabalhou nos dois primeiros livros juntamente com Mickey. Não me senti muito perdida com o plano de fundo dessa série, já que o personagem revisita alguns acontecimentos e explica porque está na situação que está, mas com certeza me sentiria mais confortável com todos eles se tivesse acompanhado os outros números da série. - Vale a pena, Alba? Foi minha melhor leitura de maio! Vale MUITO a pena. Sem sombra de dúvidas um dos melhores livros de julgamento que já li. O final é simplesmente inesperado e sensacional! A leitura é fluída e o protagonista nos conquista com sua sagacidade e sua personalidade provocativa e falha. Ele é uma pessoa real. Super-recomendo! "Tudo eram estratégias e estratagemas nessa altura do jogo e eu tinha de admitir que essa era a melhor parte de um julgamento. Os movimentos executados fora do tribunal eram sempre mais significativos do que os que eram feitos dentro. Estes eram todos ensaiados e coreografados. Eu preferia a improvisação feito longe da sala do tribunal."