Um Prazer Fugaz: As Cartas de Truman Capote - Truman Capote
- Truman Capote
- 652 Páginas
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Sinopse
Truman Capote, além de autor e roteirista, também era um inveterado escritor de cartas, e as compunha de uma maneira bastante peculiar, como se estivesse conversando pessoalmente com seus destinatários: sem inibições, censuras ou floreios verbais. Uma coletânea dessa escrita tão extravagante foi organizada por seu aclamado biógrafo, Gerald Clarke, e abrange mais de 40 décadas da vida de Capote, sendo o mais próximo possível de uma autobiografia dele.
Em Um prazer fugaz: as cartas de Truman Capote, toda a trajetória de vida do escritor é delineada por meio de suas cartas: um jovem ainda ingênuo e bem-humorado conhecendo a cena literária de Nova York; um Capote mais maduro nos anos 1950; o Capote dos anos 1960, imerso em pesquisas e na escrita de seu célebre livro A sangue frio; e o Capote dos anos 1970 e início dos 1980, já no final da vida e com problemas para lidar com sua exposição pública e seus vícios. Revelando a relação entre o autor e grandes ícones do início do século XX, como Tennessee Williams, Jacqueline Kennedy, Richard Avedon e Katharine Hepburn, este livro aproxima ao máximo o leitor à vida deste incomparável escritor.
Resenha
Definitivamente, ler as cartas de Truman Capote é um prazer, se não tanto fugaz, certamente não muito fácil (na falta de termo melhor). Vi algumas resenhas reclamando a respeito das cartas serem de certa forma esparsas, mas não vejo isso como desvantagem da compilação. Compreendo que a intenção tenha sido apresentar as cartas de forma cronológica, para que pudesse surgir uma espécie de 'biografia' orgânica do conjunto. Claro, há incontáveis referências a pessoas, lugares, acontecimentos, obras artísticas de todo tipo - pelo que é impossível apreender tudo. Mas, sim: ali está a vida de Capote. Das menores insignificâncias às grandes exasperações. A angúsita/expectativa durante a criação de A sangue frio é particularmente interessante - mesmo sabendo o desfecho de tudo - do julgamento, da finalização do livro, de sua recepção e consagração internacional, sofremos junto no labirinto de apelações judiciais que envolveram o caso e adiaram o final do livro durante praticamente seis anos.
Fica também patente também o Capote exuberante das festas, viagens, da hight society, do glamour e escândalos, do disse-me-disse, da fina flor cultural/intelectual dos anos 40 a 'early 80s'; sem prejuízo, contudo, de um Truman extremamente amoroso, que nunca deixa de brincar com seus interlocutores, demonstrar zelo e atenção às minúcias da convivência, oferecer afagos e agrados, tramar encontros e disponibilizar oportunidades, sempre iniciando e encerrando suas missivas com uma profusão de adjetivos carinhosos, como um menino do interior, um coração revelado, uma figura indubitavelmente extraordinária.