Povo de Deus - Juliano
- Juliano
- 331 Páginas
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Sinopse
Por que 2020 é a década dos evangélicos? Nos anos 1970, os evangélicos representavam apenas 5% dos brasileiros; hoje, são um terço da população adulta do país e, segundo estatísticos, superarão os católicos na próxima década. Mais importante do que a magnitude dos números é o que isto representa: pretos e pardos pobres convertidos ao protestantismo ascendem socialmente, e hoje estão presentes no próprio Estado. Povo de Deus pretende partilhar com os leitores este fato que já é conhecido por sociólogos e antropólogos que estudam religião: entrar para a igreja evangélica melhora as condições de vida dos brasileiros mais pobres. Escrito em linguagem direta e clara, o livro dá ao leitor acesso aos principais estudos sobre o cristianismo evangélico no Brasil. Sem jargões e a linguagem nebulosa de muitos livros acadêmicos, Povo de Deus apresenta temas básicos que vão desde o que é o protestantismo pentecostal e de como ele se diferencia do protestantismo histórico até o exame das consequências do crescimento da presença evangélica no Estado, tema crucial considerando que o voto evangélico consolidou a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018. Juliano Spyer argumenta que o preconceito que muitos brasileiros escolarizados expressam contra o cristianismo evangélico reflete o preconceito contra pobres que não se vitimam e buscam sua inclusão social via educação e consumo. Este é um dos fenômenos de massa mais importantes do século, muito pouco conhecido pelas elites pensantes do Brasil, que ignoram a rica e extensa literatura acadêmica produzida nas últimas décadas sobre o assunto.
Resenha
Imparcialidade e Profundidade
Spyer consegue, através de seu trabalho antropológico de campo e por estudos de autores de diferentes tradições, quebrar muitos preconceitos que grande parte das pessoas, principalmente os mais ricos e progressistas, alimentam com relação aos pentecostais e neopentecostais.
De posições claramente mais progressistas, Spyer não deixa de apontar os dados e pesquisas de outros que pensam diferente, escancarando até mesmo a presunção de muitos da esquerda brasileira ao tratar dos evangélicos.
O que o autor nos mostra é que há muitas nuances nos movimentos evangélicos e que qualquer generalização é burra e pretensiosa. Assim como Spyer, vale a pena colocar os pés no chão e fazer um estudo religioso que conviva realmente com os religiosos.