A Peste - Albert Camus
- Albert Camus
- 172 Páginas
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Sinopse
" De um dos mais importantes e representativos autores do século XX e Prêmio Nobel de Literatura. Romance que destaca a mudança na vida da cidade de Orã, na Argélia, depois que ela é atingida por uma terrível peste, transmitida por ratos, que dizima a população. É inegável a dimensão política deste livro, um dos mais lidos do pós-guerra, uma vez que a cidade assolada pela epidemia lembra a ocupação nazista na França durante a Segunda Guerra Mundial. A peste é uma obra de resistência em todos os sentidos da palavra. Narrado do ponto de vista de um médico envolvido nos esforços para conter a doença, o texto de Albert Camus ressalta a solidariedade, a solidão, a morte e outros temas fundamentais para a compreensão dos dilemas do homem moderno. “Nada melhor – como já mostrara André Malraux na sua fase romanesca – do que uma crise coletiva para revelar ao indivíduo acuado os valores não individuais – políticos, éticos, metafísicos – que constituem sua preciosa individualidade. Como o próprio Malraux, como Sartre e como tantos outros intelectuais e artistas franceses do século XX, Camus descobre a primazia do coletivo. Com suas personagens lúcidas e atormentadas, cujas histórias particulares se encontram repentina mas decisivamente emaranhadas nos fios de chumbo da História, o romance A peste pode ser lido como uma crônica deste descobrimento.” – Savvas Karydakis "
Resenha
A peste, de Albert Camus - Nota 9/10
Acho que não preciso explicar o motivo de ter escolhido essa leitura para o momento… Confesso que no começo da quarentena não fiquei com vontade de iniciar a leitura. Até porque, não bastasse o assunto da pandemia estar sendo falado por todos os lados, achei que a hora da leitura poderia ser uma “fuga”. E pela simples sinopse você já percebe as semelhanças com o momento atual que vivemos: a cidade de Orã, na Argélia, é tristemente surpreendida por uma doença que passa a vitimar a população.
Mas, com o tempo, acabei ficando curioso principalmente para entender de que forma o autor teria abordado o comportamento da sociedade em uma situação como a que estamos vivendo. Seria possível “antecipar” todo esse caos, angústia e incerteza?
Para a minha grande surpresa, há inúmeros paralelos entre a dinâmica da disseminação da doença em Orã e o alastramento da COVID pelo mundo. Já começa pela própria descrença de muitos com a seriedade da doença logo após os primeiros casos. Ninguém sabia o que estava acontecendo e a intenção inicial era evitar um pânico da população. No entanto, com o desenvolvimento da peste, medidas mais sérias tiveram que ser tomadas e a cidade de Orã se vê fechada para o resto do mundo. O leitor acompanha toda essa situação a partir da perspectiva de um médico, Dr. Bernard Rieux, e de outros personagens que estão de alguma forma relacionados com Rieux.
Não vou me debruçar mais sobre o enredo, porque acho interessante que o leitor vá entendend as consequências que a doença traz para aquela cidade de acordo com o ritmo proposto pelo autor. Mas já adianto que, apesar da temática, a leitura não é tão fluida - até porque a densidade dos textos é uma característica de Camus. Por isso, leia aos poucos, sem pressa e sabendo que a peste - como doença é - é utilizada pelo autor como a porta de entrada de diversas outras discussões e reflexões que a obra desperta. Inclusive, há quem afirme que “A peste”, publicada em 1946, seria uma alegoria da atrocidade da ocupação nazista. Recomendo!