A Origem dos Outros - Toni Morrison
- Toni Morrison
- 103 Páginas
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Sinopse
Toni Morrison, ganhadora do prêmio Nobel de literatura, reflete sobre questões raciais, políticas públicas de imigração e outros temas contemporâneos em ensaios pungentes e profundos.Baseado nos discursos que Toni Morrison proferiu na universidade de Harvard, A origem dos outros é uma busca de respostas para questões históricas, políticas e literárias sobre o racismo e a radicalização da identidade. Se o racismo é aprendido com exemplos cotidianos, a literatura mostra-se uma arma fundamental para combater o problema.Pensando nisso, a autora analisa autores desde Harriet Beecher Stowe até Ernest Hemingway e William Faulkner para entender melhor o papel da narrativa no estabelecimento dos padrões de pensamento racial.A origem dos outros é um livro de atualidade extraordinária, no qual os temas que estamos acostumados a ver banalizados e desencorajados no debate público são abordados pela escritora americana com extrema elegância.Com prefácio de Ta-Nehisi Coates e ensaios intitulados Romantizando a escravidão, Ser ou tornar-se o estrangeiro, O fetiche da cor, Configurações de negritude, Narrar o outro e O lar do estrangeiro, A origem dos outros é um livro necessário de uma das mais importantes intelectuais do século.
Resenha
“A origem dos outros” de Toni Morrison foi publicado no Brasil pela @companhiadasletras que me enviou um exemplar de cortesia.
O livro é composto por seis ensaios baseados em uma série de palestras ministradas na Universidade de Harvard em 2016 pela laureada com o Prêmio Nobel de Literatura, onde ela analisa o racismo e a literatura, de forma clara com exemplos de textos de Hemmingway, Faulkner e outros.
Eu, como pessoa branca socialmente privilegiada, tenho conhecimento muito limitado sobre a luta negra, apesar de estar sempre procurando saber mais sobre o assunto, me surpreendi com algumas análises que a autora fez em como a narrativa influencia estabelecimento de padrões de concepção racial.
O texto que abre o livro tem o título de “Romantizando a escravidão” dá o tom que vai permear todos os ensaios. O sentimento de revolta aperta o peito e leva lágrimas aos olhos ao saber que os cientistas escreviam tratados sobre “doenças e peculiaridades físicas da raça negra” (1851) afirmando que as “leis fisiológicas inalteráveis” faziam com que “[…] o sangue negro que irriga o cérebro acorrenta a mente à ignorância, à superstição e à barbárie […]”p.25
Morrison afirma que “[…] ninguém nasce racista, e tampouco existe qualquer predisposição fetal ao sexismo, aprende-se a Outremização não por meio do discurso, mas pelo exemplo.”
Em “Ser ou tornar-se o estrangeiro”, a autora discorre sobre a necessidade de transformamos o diferente do padrão social em Outro para nos afirmar como pertencentes à maioria dominante, entrando em uma questão de superioridade e autoafirmação perante à diminuição do próximo ao não reconhecê-lo como semelhante.
É um livro que ecoa por muito tempo após a leitura finalizada. Eu não consigo colocá-lo na estante porque a todo momento estou relendo trechos e refletindo sobre eles.
Leitura necessária que precisa chegar ao maior número possível de pessoas.