Noites Brancas: Romance Sentimental - Fiódor Dostoiévski
- Fiódor Dostoiévski
- 127 Páginas
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Sinopse
Em Noites brancas, o jovem Dostoiévski mostra a sua versatilidade como escritor de gênero breve ao abordar um encontro inesperado entre um homem e uma mulher que se repetirá por quatro noites. São Petersburgo, século XIX. Um homem solitário vaga pela cidade noite adentro, deixando que o sentimento de cada rua, esquina ou calçada o penetre. Durante a caminhada, avista uma mulher aos prantos encostada no parapeito de um canal. Ao acudi-la, tem início um idílio fadado a se dissipar como a tênue claridade das noites de verão na Rússia. Quanto mais o anônimo narrador se aproxima da jovem Nástienka, mais parece se distanciar de sua melancólica vida anterior. Em quatro encontros, no entanto, a crescente intimidade dos dois personagens chega a um inesperado desfecho, quando a última noite por fim termina. A novela de 1848, tida como uma das obras-primas de Dostoiévski no gênero breve, é acompanhada neste volume pelo conto “Polzunkov”, escrito no mesmo ano, que mostra uma faceta mais caricata de um dos maiores autores da literatura russa.
Resenha
Noites brancas, Fiódor Dostoiévski - Nota 9/10
Este é um livro que foge um pouco do que já havia lido do autor, já que nele encontramos uma “típica” narrativa romântica, em que a paixão idealizada e intensa toma conta dos personagens. Foi escrito pouco antes do período de prisão e exílio vivido por Dostoiévski, o que talvez explica essa temática mais leve quando comparada com as obras publicadas nos anos seguintes.
Em “Noites brancas”, uma das maiores qualidades de Dostoiévski permeia toda a narrativa: o aprofundamento dos conflitos internos dos personagens. É uma história que se passa em poucos dias e que tem início em uma das conhecidas “noites brancas” de São Petesburgo, quando a noite é tão clara que se confunde com o dia. No entanto, apesar de ser um romance curto e sem grandes acontecimentos, essa característica não faz dele uma leitura pouco densa em termos de desenvolvimento dos personagens.
Somos colocados em frente aos conflitos internos de um jovem tímido - e sonhador - que, em uma de suas solitárias andanças por São Petesburgo, acaba conhecendo Nástienka, com quem inicia longas e íntimas conversas. E esses diálogos construídos por Dostoiévski são incríveis e dão fluidez na leitura. Mas o que aparenta ser a criação de um laço de amizade, já que Nástienka, que se vê presa em uma relação amorosa conturbada, acaba despertando sentimentos mais profundos no narrador.
Em poucas páginas, o autor nos mostra como a paixão é um sentimento fugaz e dolorido, mas que pode nos proporcionar inesquecíveis momentos de felicidades. Continuo recomendando “Gente pobre” e “O eterno marido” como primeira leitura, mas essa pode ser uma boa sequência, como uma porta de entrada para os romances mais psicológicos do autor.