A Misteriosa Chama da Rainha Loana - Umberto Eco
- Umberto Eco
- 621 Páginas
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Sinopse
Imagine acordar um dia e perceber que você perdeu a memória. Não sabe onde está, como se chama, quem é sua mulher (ou marido), se é casado ou não, quem são — se é que existem — seus filhos... É o que acontece com Yambo, o protagonista de A Misteriosa Chama Da Rainha Loana. Yambo lembra-se de Waterloo, de como se dirige um automóvel e se escova os dentes, mas não lembra quem ele é. Permanece a memória semântica (sabe tudo que leu sobre Napoleão ou Julio César e consegue citar trechos inteiros da Divina Comédia) e automática, mas perdeu-se a memória afetiva, o que constitui seu ser e sua própria história. Depois do coma que causou a amnésia, por recomendação médica, Yambo viaja para a casa de campo que fora de seu avô — um colecionador de tralhas, quinquilharias, jornais e revistas antigas —, nas montanhas do Piemonte, onde passou grande parte de sua infância e adolescência. E é lá que Yambo, na verdade Giambattista Bodoni, um comerciante de livros antigos já na meia-idade, mergulha em sua própria vida. Com a ajuda de músicas, odores, livros e quadrinhos, coisas que viu e tocou há sessenta anos, Yambo tenta retornar para o presente. De Flash Gordon e Dick Tracy ao primeiro amor, Umberto Eco resgata sua própria juventude, misturando-se, página a página, com seu protagonista. Eco passou dois anos à procura de imagens e ícones que representassem a memória de Yambo (e a sua própria). A Misteriosa Chama Da Rainha Loana recompõe a história da Itália dos anos 1930 e 40. Eco traz à tona histórias de Julio Verne; discos de 78 rotações; figurinhas de álbuns famosos; gibis; as obras de Emilio Salgari; canções populares, por onde passam jovens frágeis e inesquecíveis (Signorinella pallida), outras, apaixonadas (C’eravamo tanti amati), ousadas, patriotas (Le ragazze di Trieste); além dos hinos fascistas, com suas promessas de perenes primavera e juventude (Primavera, Giovinezza), visando ao fortalecimento moral das fronteiras do Império Italiano. E mais, o rádio de galena, as ondas curtas e a BBC de Londres. Toda uma semiologia que leva aos tempos do Fascismo e às portas da Segunda Grande Guerra. Montado o quebra-cabeça, A Misteriosa Chama Da Rainha Loana revela-se a autobiografia de uma geração. Um romance-fábula sensível que mostra que, muitas vezes, é preciso revisitar o passado para viver o presente. Um livro emocionante, cheio de calor e lembranças, de suspiros e saudades.
Resenha
Encantador!
Nossa! Tô sem fôlego, meu coração disparou com o final desse livro. Na verdade o livro inteiro foi uma descoberta. Umberto Eco foi mestre ao reconstruir as memórias de Yambo, fazendo com que eu entrasse também naquele passado desconhecido. O livro é nostálgico, de uma saudade triste e bela. Extremamente poético, ás vezes denso, ás vezes leve, ás vezes divertido, ás vezes carregado de emoções que se misturam. As minhas se misturaram com a do autor, que se misturaram com a da personagem, até que não se sabia mais o que era meu e o que não era. As ilustrações ajudam a criar esse clima de nostalgia, de infância, de coisas que nunca mais serão as mesmas. Eco é historiador, e como tal me fez dar um passeio pelas memórias de Yambo, e do mundo no fim da segunda guerra, culminando num final tão terno, tão poético e ao mesmo tempo tão sensual que me tirou o fôlego, me encheu os olhos de lágrimas e me deixou com saudade de sentir algo que eu não sei se já senti na vida.