A Missão Secreta - Trilogia Leviatã Vol. 1 - Scott Westerfeld
- Trilogia Leviatã Vol: 1
- Scott Westerfeld
- 427 Páginas
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Sinopse
Tally está prestes a completar 16 anos e ela mal pode esperar. Não por sua carteira de motorista, mas para se tornar bonita. No mundo de Tally, seu aniversário de 16 anos traz uma operação que torna você de uma horripilante pessoa feia para uma maravilhosa pessoa linda e te leva para um paraíso de alta tecnologia onde seu único trabalho é se divertir muito. Em apenas algumas semanas Tally estará lá. Mas a nova amiga de Tally, Shay, não tem certeza se ela quer ser bonita. Ela prefere arriscar sua vida do lado de fora. Quando ela foge, Tally aprende sobre um lado totalmente novo do mundo dos bonitos que não é tão bonito assim. As autoridades oferecem a Tally sua pior escolha: encontrar sua amiga e a entregar, ou nunca se transformar em uma pessoa bonita. A escolha de Tally faz sua vida mudar pra sempre.
Resenha
Feios
Depois que terminei, maravilhado, o livro Jogos Vorazes, de Suzanne Collins (Editora Rocco), mergulhei de imediato numa busca por outra obra de perfil semelhante. Deparei-me então com Feios (Editora Galera Record), escrito por Scott Westerfeld. Futuro pós-apocalítico? Confere. Uma cidade opressora? Confere. Um governo que força adolescentes a fazerem algo que não pode ser recusado? Confere. Feios parecia ser o livro que eu procurava, e, naturalmente, minhas expectativas para ele cresceram. O que foi uma pena.
Na trama de Feios, a humanidade já não existe como a conhecemos hoje. Depois de alguma catástrofe desconhecida, nossa civilização quase que desapareceu. Restaram apenas alguns grupos isolados de pessoas, vivendo em cidades futurísticas, rodeadas por florestas selvagens e ruínas antigas. Como forma de gerar estabilidade, equilíbrio e justiça entre a população, é costume que, aos dezesseis anos, cada cidadão dessas comunidades passe por sua primeira cirurgia plástica, que o transformará de seu estado natural considerado feio à categoria de perfeito.
Todas crianças e adolescentes sonham com o dia em que serão estonteantemente belos, vivendo nas mansões e prédios reservados aos perfeitos. Para a jovem Tally Youngblood, mesmo habituada a realizar travessuras pela cidade, isso não era diferente. Contudo, quando estava prestes a fazer dezesseis anos, ela conhece Shay, uma garota obcecada por rumores de um grupo rebelde vivendo na selva e pela contrariedade às cirurgias plásticas obrigatórias. Através de uma sequência de eventos que ela é incapaz de controlar, logo Tally se vê envolvida em conspirações, sem saber exatamente de qual lado está e o que realmente deseja de sua vida.
Feios tinha tudo para brilhar: um cenário intrigante, um background misterioso e uma temática polêmica. Ainda assim, o autor não soube aproveitar esses ingredientes picantes. Preferiu adoçar tudo com uma escrita politicamente correta e comedida, eufemizando as injustiças, a violência e os riscos de vida. Os personagens não se comportam de maneira realística nas situações de perigo e quase ninguém tem coragem de machucar outra pessoa. As questões morais sobre a busca da perfeição não são profundamente abordadas e os rebeldes, por sua vez, são simplesmente molengas. Juntando-se a estes problemas, outros também saltaram aos meus olhos. A narrativa tem cortes esquisitos e o romance entre dois dos personagens me pareceu surreal. Nunca vi alguém se apaixonar tão rapidamente. Nem nos desenhos animados da Disney.
Apesar de tudo isso, o livro não é ruim. É razoavelmente bom, aliás. O suficiente para que eu o tenha recomendado para outras pessoas e feito questão de ler os volumes seguintes. A história me entreteu e, mesmo com a rédea curta do autor, o ambiente idealizado por ele não deixa de ser interessante.
Feios foi uma obra divertida, embora não plenamente satisfatória. Talvez minhas exigências estivessem exageradamente altas, ou, quem sabe, o instinto em compará-lo com Jogos Vorazes tenha prejudicado minha capacidade de avaliar o título por si só. Assim, sugiro que, se este livro lhe chamou a atenção, não deixe de lê-lo e tirar suas próprias conclusões. Como a obra faz questão de ressaltar: o que é feio para alguém pode ser bonito para outro.