Um Lugar Chamado Liberdade - Ken Follett
- Ken Follett
- 444 Páginas
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Sinopse
Escócia, 1766. Condenado à miséria e à escravidão nas brutais minas de carvão, Mack McAsh inveja os homens livres, mas nunca teve esperança de ser como eles. Até que um dia ele recebe a carta de um advogado londrino que lhe revela a ilegalidade da escravidão dos mineiros e um novo horizonte se abre aos seus olhos. Porém, para realizar seu sonho, Mack precisará enfrentar todo tipo de opressão das autoridades que não estão acostumadas a serem questionadas.Já na idealizada Londres, ele reencontra uma amiga de infância, Lizzie Hallim, agora casada com Jay Jamisson, membro da família que tanto o atormentara na Escócia. Lizzie não se conforma em viver submetida aos caprichos dos homens e constantemente escandaliza a sociedade com seu comportamento e suas ideias não convencionais. Quando Mack é acusado injustamente de um crime, ela quebra protocolos e sai em sua defesa, mas o amigo é deportado para a América.Mack logo descobre que se trata de uma mera mudança de continente, não de ares sociais, pois a colônia também vive momentos de tensão: se na Inglaterra os trabalhadores não desejam mais ser explorados pela elite, ali os colonos preparam o caminho que os levará à independência do jugo inglês.Nesta saga repleta de suspense e paixão, Ken Follett delineia uma época de revoltas contra a injustiça com uma escrita enérgica e sedutora.
Resenha
Deixar-se levar pela maré, ou lutar pela vida?
O romance de Daniel Defoe de 1719, "Robinson Crusoé", é uma das bases que inspiram Mack, um dos personagens deste livro, para ir além do que seu status social permite. O destino o leva para uma vida de escravidão e sofrimento, mas pode ele fugir disso e lutar pela sua liberdade?
Em "Um Lugar Chamado Liberdade", história que se passa a parti do ano de 1767, é mostrado a vida dos mineradores com as amarras de uma aristocracia soberba e de pensamentos distorcidos sobre a visão da vida humana. O livro retrata a realidade cruel desse tempo onde só havia um só destino para as pessoas que não nasciam de famílias com sangue aristocrata, a escravidão. Nessa realidade, a lei só era útil para aqueles com poder suficiente para impô-la, deixando os mineradores e carregadores de carvão a mercê das injustiças.
Indo do país da Escócia aos estados de Londres e Virgínia(E.U.A), o autor segue fielmente uma época onde o carvão movia um estado inteiro, onde sem ela nada acontecia, um período onde o enforcamento era tratado como espetáculo, médicos priorizam a vida das pessoas pelos seus status sociais, e onde as crianças nascidas eram juramentadas ao destino de serem propriedade dos senhores de terras.
Ken Follett constrói a trama entre três personagens centrais que possuem seus próprios capítulos, onde fora os diálogos, são narrados em terceira pessoa durante a narrativa: Malachi McAsh, um jovem minerador e condenado a trabalhar como escravo, mas que não mede esforços para buscar e lutar pelos seus direitos; Lizzie Hallim, uma dama refinada e de uma personalidade que anseia saber do diferente, devido a sua curiosidade acima do normal; e Jay Jamisson, segundo filho de um aristocrata muito influente, mas que é desprezado por ele. Qual a relação entre eles? A busca pela sua própria liberdade e a construção de seu próprio destino.
Me incomodou o fato de Follett ter deixado de lado alguns personagens iniciais, dando um "motivo" um tanto suspeito para mudar o rumo da história deles e da narrativa. O foco do desenvolvimento foram os três que eu citei, nada mais certo que isso, mas queria ver o destino e a construção uma pouco melhor dos demais. As coincidências que aconteceram também me incomodaram, uma ou duas vezes até aceitava, o problema em si foi que ocorreu várias vezes e de forma bem conveniente, dando a impressão de algo forçado para gerar o que essas situações se propuseram a fazer, mas tudo bem, isso foi algo a parte sem relação direta com a narrativa principal.
Assim como em "O Buraco da Agulha", seu primeiro romance, os personagens do Follett são bem construidos (neste aqui, ao menos os principais foram). Alguns sofrem uma grande evolução positiva, outros apenas decaem pelo seu próprio ego. O romance é bom, mas não espere algo clichê de cara, porque não tem, do tipo "um membro da alta classe e um escravo lutando contra as leis e contra todos para ficarem juntos", não tem. Gostei da forma que terminou, mas poderia prolongar um pouco mais!
Por fim, a fala de Esther (uma das personagens que gostei neste livro) resume bem a realidade deles naquela vida: "Certo e errado não contam muito nesse mundo, só no céu".