O Império de Ouro - Trilogia de Daevabad Vol. 3 - S. A. Chakraborty
- Trilogia de Daevabad Vol: 3
- S. A. Chakraborty
- 881 Páginas
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Sinopse
O capítulo final da aclamada Trilogia de Daevabad
Daevabad caiu.
Após a tomada brutal que drenou a cidade de toda sua magia, Banu Manizheh, líder dos Nahid, e seu comandante ressurgido, Dara, precisam tentar reparar sua aliança desgastada e estabilizar um povo rebelde e em conflito.
Mas o sangrento massacre e a perda de Nahri desencadearam os piores fantasmas do passado obscuro de Dara. Para vencê-los, ele precisa encarar verdades difíceis sobre sua própria história e se colocar à mercê daqueles que considerava inimigos.
Tendo escapado por pouco de suas famílias assassinas e das políticas mortais de Daevabad, Nahri e Ali, agora seguros no Cairo, devem lidar com as suas escolhas. Nahri encontra paz nos velhos ritmos de sua casa humana, mas é assombrada pela ideia de que aqueles que abandonou estão à mercê de um novo tirano. Ali também não consegue evitar olhar para trás e o início de uma nova jornada pode ameaçar não só sua relação com Nahri, mas sua própria fé.
À medida que a paz se torna cada vez mais ilusória e velhos conhecidos ressurgem, o capítulo final dessa jornada se aproxima. Para reconstruir o mundo, talvez seja necessário lutar contra aqueles que um dia você amou… e defender a todo custo aqueles que você feriu.
Resenha
O volume final da Trilogia de Daevabad é um espetáculo narrativo. O Império de Ouro, da autora S.A. Chakraborty, que a Morro Branco publicou por aqui, é simplesmente o melhor final que essa história precisava.
Esta resenha vai conter alguns spoilers dos livros anteriores: A Cidade de Bronze e O Reino de Cobre.
A cidade de Daevabad caiu. Depois de uma revolução sangrenta e terrível, o rei Ghassan foi destronado e morto, e a revolucionária Manizheh, representando os Nahid, tomou o poder ao lado do seu Afshin, Dara. Mas, ainda que tenham tomado a cidade, o preço foi grande. Não apenas pelas vidas perdidas, mas porque o poder não é todo deles.
Nahri e Ali fugiram, levando uma relíquia mágica que concede, ao seu portador por direito, a magia necessária para sustentar a cidade, sua ilusão mágica e os poderes daqueles que vivem ali. Sem ela, Daevabad está à própria sorte, e aos terríveis castigos mágicos que cairão sobre ela.
Enquanto o caos corre solto por lá, Nahri e Ali estão refugiados no Cairo, buscando uma maneira de suspender a relíquia e recuperar sua própria magia. Eles sabem que estão correndo contra o tempo, e que em breve serão caçados; mas também sabem que a única maneira de encontrar liberdade para Daevabad é se tiverem força para tomá-la de volta.
Queria começar essa resenha com um pequeno agradecimento porque a Editora Morro Branco entrou em contato com a gente pra enviar um exemplar de O Império de Ouro em cortesia, mas acabou que o universo me odeia e ele foi extraviado. Obrigada mesmo assim por lembrar dessa fangirl, Morrinho! Corri atrás de comprar, mesmo assim, porque essa trilogia foi uma delícia de leitura e esse final precisava estar em minhas mãos. E que final!
O Império de Ouro equilibra muito bem um começo lento, estabelecendo os horrores e as consequências deles, um meio enérgico, com as possibilidades e reviravoltas, e um final devastador e agridoce. É o encerramento perfeito para uma trilogia que falou muito sobre política, guerra, poder e religião de maneira sensível e interessante.
"- Não acredito em homens ambiciosos que dizem que o único caminho para a paz e a prosperidade está em lhes dar mais poder, principalmente quando fazem isso com terras e gente que não são deles."
A jornada dos três protagonistas chega aos seus finalmentes de maneiras distintas; cada um dos três personagens principais está trilhando os caminhos que escolheram, e sofrendo as consequências por eles.
Nahri, Ali e Dara foram excelentes protagonistas. Com personalidades marcantes, histórias individuais importantes e bem desenvolvidas, entrelaçados um ao outro pela trama principal de maneira cativante. Os três foram meus favoritos, e eu não poderia estar mais satisfeita com o final que cada um alcançou.
Começando por Dara, que foi uma surpresa durante toda a trilogia. O guerreiro milenar carrega dor, luto e culpa, e busca justiça com uma ânsia desesperada. Coloca-se em situações cada vez mais extremas porque não encontra espaço para fugir da própria trilha de vingança em que se enfiou.
Dara é o exemplo perfeito de um anti-herói: acredita em sua causa, mas faz coisas terríveis por ela. E, com o tempo, o peso dessas ações começa a sufocá-lo.
O que Dara vive em O Império de Ouro é consequência pura da sua lealdade e das suas escolhas, mas tem pontinhas de esperança para mostrar que ele ainda pode encontrar o caminho certo.
Seu arco se entrelaça ao da antagonista de maneira tenebrosa; através do Dara, vemos o que uma curandeira e salvadora se torna quando é consumida pelo poder e pela sede de vingança. É desesperador, é impossível de parar a leitura, e causa um desconforto pesado porque Manizheh também é uma vítima, mas uma que escolheu a violência e o terror em vez da justiça, e impõe isso sobre aqueles que a seguem.
"- Se você governa pela violência, deve esperar ser deposto pela violência."
Aliás, que espetáculo de vilã ela foi! Falar sobre sua história é entregar demais do livro, então só deixo o parágrafo para exaltar o horror e o medo que ela me causou em todas as cenas em que aparecia.
Nahri e Ali, por outro lado, começam em um ponto pacífico e desconhecido. Eu gosto demais da relação entre eles; tem aquela faísca de romance, mas é ínfima em comparação com a amizade forte e o companheirismo que eles construíram. Principalmente depois dos eventos de O Reino de Cobre.
"- Não querer ser destruído pelo desespero não o torna covarde, Ali. Torna você um sobrevivente."
Eles se tornam o pilar de apoio e confiança um para o outro e estão ali para se ajudar nos momentos mais terríveis.
Nahri é uma força da natureza. Eu amo, amo, amo a personalidade afiada, sua determinação e coragem. Eu amo como ela fraqueja e como não se deixa abalar por isso. Eu amo como ela ama Daevabad, seu povo e sua história, e como não quer se tornar nem mesmo uma sombra do que sua mãe é.
Ali vive o horror de ter perdido tudo, mas se sustenta em sua fé, em seu amor pelo seu lar e pelo senso de justiça. Ele é o personagem mais moral e centrado da trilogia, mas aqui faz seus sacrifícios de acordo com a posição que representa.
E eu morri shippando os dois, vou confessar aqui. A química é forte, as cenas são lindas, e apesar de o romance ser bem discreto e quase não aparecer descaradamente, está ali no melhor slowburn do mundo.
"Magoava mais ver seus sonhos destruídos do que nunca tê-los."
Os coadjuvantes se destacam em cada momento que aparecem; personagens que não tinham tanta importância antes agora são voz da guerra, outros que participavam avidamente se escondem nas sombras do medo. Destaque para Jamshid, por quem eu me apaixonei demais no decorrer da história, todo corajoso e gentil, e para Hatset, uma rainha forte e poderosa, uma mãe doce e preocupada.
O Império de Ouro é um desfecho sobre o preço do poder. Até onde a vingança pode levar alguém. Fala abertamente sobre tirania, sobre os horrores da guerra e o quanto uma vítima pode abraçar o antagonismo em prol de uma causa sem força, tudo pela retribuição.
Daevabad é o berço da magia, uma cidade gloriosa, mas também é o palco de inúmeras disputas políticas e bélicas no decorrer de milhares de anos. É a prova de que, não importa o sangue, não importa a raça, não importa a magia, o poder vai falar mais alto. E é necessário muita força e coragem para desafiar essa hierarquia destrutiva.
"Ela encontrou o olhar dele de novo, e Ali sentiu alguma coisa se suavizar entre ambos, um emaranhad de ressentimentos não ditos e esperanças compartilhadas."
O Império de Ouro explora seu universo fantástico gloriosamente, unindo detalhes que apareceram lá no primeiro volume em um quebra-cabeça complexo e fascinante. Quando chega ao fim, você se emociona porque não quer se despedir de um mundo tão querido, tão interessante, tão carismático.
Fica aqui a minha despedida de coração quentinho e emocionado a Nahri, Ali e Dara, e tantos outros personagens que brilharam no desenrolar dessa trama. Obrigada a S.A. Chakraborty por uma trilogia tão fantástica.