Controle - Natalia Borges Polesso

Controle - Natalia Borges Polesso

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Sinopse

Autora vencedora do Jabuti na categoria contos, Natalia Borges Polesso estreia no romance com um livro sobre o amor e a amizade entre duas mulheres.Conhecida por sua escrita ritmada, informal e envolvente, Natalia Borges Polesso apresenta, em Controle, uma narrativa impactante sobre relações homoafetivas entre mulheres, o poder do desafio e, acima de tudo, as escolhas que precisam ser feitas para que as pessoas se tornem quem elas querem ser. Mesclando citações de letras da banda New Order em seu texto, a autora escreve um romance geracional que permanecerá na mente do leitor.A protagonista, Nanda, é epilética. Descobriu o transtorno ainda na infância, depois de uma queda de bicicleta, e sua vida nunca mais foi a mesma. Cercada de cuidado pelos pais, com medo de crescer e sair da casca protetora fornecida por sua condição, ela evita ao máximo o contato humano – exceto pela amiga, Joana. Mas compartilhar o que acontece na vida de outra pessoa não é como viver junto dela. Nanda se pergunta até quando conseguirá manter a rotina morna que leva. Porém, seu dia a dia será posto em xeque quando ela finalmente se der conta de que não viveu."Raros escritores transitam com a mesma desenvoltura entre o conto e o romance. Natalia Borges Polesso é um desses casos. Autora do premiado Amora, ela faz em Controle a sua primeira incursão pelo romance, e o resultado é uma narrativa bela, potente e transformadora." – Carola Saavedra

Resenha

Eu gostei bastante de Controle, mas preciso logo adiantar que fui, muito possivelmente, cooptado pelo valor nostálgico da narrativa de Polesso. Não quero, com isso, lançar qualquer dúvida sobre seu talento para criar histórias profundas com personagens complexas, mas havendo nascido nos anos 80 e sendo, também, movido à música como a protagonista Nanda, foi muito difícil não me encontrar (e sentir saudades) na confecção de fitas K7, no aluguel e cópia de cds, na descoberta do Kazaa, nas horas madrugueiras em salas de bate-papo do MiRC, no ICQ ou MSN, na troca de raridades e b-sides de bandas favoritas, nas amizades iniciadas com a recém-chegada interneta. Na dependência (quase química) de Cranberries, Alanis, Radiohead ou Joy Division (além dos não citados Belle and Sebastian, Black Box Recorder, Dido, Cardigans, Los Hermanos, Leonard Cohen, Enya). . Há, claro, uma diferença determinante: a narradora de Controle é epilética. Essa condição, muito bem explorada no romance, é também, metaforicamente falando, a condição essencial de uma geração classe média que teve, pela primeira vez, um mundo de opções à frente e entrou em pânico por não saber o que fazer com ele. A solidão e o abandono a que se entrega a Nanda de Polesso, ainda que justificados pelo despreparo para lidar com a doença, constroem uma tensão que levará a narradora à constatação mais dolorosa de sua vida, algo que será, simultaneamente, porta de saída e porta de entrada do romance. Um livro sem excessos que fala sobre perder o controle e entregar-se com coragem e desabalo ao desejo de viver. . Em uma fala da autora aqui em Brasília, Polesso comentou que o livro havia surgido a partir da proposta de uma coleção de romances que teriam bandas (ou álbuns) como “tema”. Por isso as inúmeras relações entre ‘Controle’ e o grupo New Order, da capa que remete ao álbum “Power, corruption & Lies” à presença das músicas e da própria banda no enredo. Isso pode passar apenas como um detalhe, mas encaro como mais uma conquista da escritora: partindo de homenagens (à banda) e particularidades (a epilepsia) tão demarcadas, Natália Borges Polesso consegue narrar aquilo que dói em todo mundo, seja da geração que for.

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