Abril Despedacado - Ismail Kadare
- Ismail Kadaré
- 216 Páginas
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Sinopse
Nas escarpas do norte da Albânia, o jovem montanhês Gjorg Berisha dá um tiro de fuzil e toma o sangue de Zef Kryeqyq. É a quadragésima quinta morte de uma vendeta iniciada setenta anos antes, quando um desconhecido foi vítima de um Kryeqyq depois de ser acolhido pelo clã dos Berisha.A matança entre as duas famílias é uma imposição de Kanun, código moral que há séculos é transmitido de boca em boca nas montanhas albanesas (assim como na região de Kosovo). Os habitantes desses penhascos gelados jamais acataram governo algum - seja albanês, seja dos muitos invasores que por ali passaram -, mas se curvam com fervor à lei não escrita de seus ancestrais.Cultuado como verdade absoluta, o Kanun é um código de honra tão minucioso quanto cruel. Especifica os menores detalhes da vendeta: quem, como, onde e quando matar; a posição do cadáver; o anúncio da morte; o velório e o banquete fúnebre; o sepultamento da vítima; os prazos da vingança e as tréguas entre os clãs; as humilhações que devem ser impostas à família enquanto ela não "recuperar o sangue" que lhe foi tomado. É toda uma solene, absurda e interminável liturgia da morte.O Kanun e seus ritos sangrentos impulsionam o enredo de Abril despedaçado. Esse círculo vicioso de execuções pode obrigar um rapaz a se tornar assassino. Matar significa, neste caso, tornar-se um homem honrado. Significa, ao mesmo tempo, consentir em ser assassinado. O jovem Gjorg cumpre seu dever de cobrar dos Kryeqyq o sangue que eles devem aos Berisha, e os Kryeqyq têm agora o direito de recuperar o sangue que lhes foi tomado - os mecanismos do absurdo se realimentam do seu próprio movimento.Com rigor de antropólogo, Ismail Kadaré vai ao fundo dessa fantástica codificação do assassinato como direito e dever, e arranca de lá toda a fúria de uma tragédia montanhesa.
Resenha
Sangue e vingança em nome da lei
Vendeta, tanto sangue derramado em nome de códigos da lei. Até que ponto devemos cumprir a lei? Principalmente quando a lei é tão cruel.
Gostei da leitura e de conhecer a cultura de um país tão distante. Agora fiquei ainda mais curioso para ver o filme.