99 dias - Katie Cotugno

99 dias - Katie Cotugno

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Sinopse

Será que um erro pode definir quem você é? Molly Barlow traiu seu namorado. Com o irmão dele. E a mãe dela fez o favor de escrever um livro contando a sua história, que deveria ser um segredo entre elas. Um livro que se tornou um bestseller, e que virou a vida de Molly de cabeça para baixo. Para fugir da espiral de ódio e fofoca que suscitou em Star Lake, a garota decide viver um ano fora, num internato. Mas quando volta à cidade no verão, para passar os 99 dias que faltam até entrar para a faculdade, ela tem que acertar as contas com aqueles que lhe fizeram mal e tentar resgatar os laços com quem era especial para ela. Autora do bestseller Duas Vezes Amor, também publicado pela Rocco Jovens Leitores, Katie Cotugno conta a história de Molly Barlow em 99 capítulos – ou dias – de leitura vertiginosa, em que aborda temas como amor, traição, culpa e perdão.

Resenha

Real em tudo, até mesmo nos erros cometidos pelos protagonistas 99 dias foi um livro que peguei por pura curiosidade. Vi várias pessoas falando sobre ele, sobre o tema que aborda e curiosa nata do jeito que sou, acabei não resistindo. O que não imaginava era que gostaria tanto do livro, e até arrisco a dizer que será um dos melhores do ano. Mas ai vocês devem se perguntar então do porque das quatro estrelas. Na realidade ele foi 4,5 mas como não fracionamos nota aqui no Galáxia, arredondei pra baixo e vou explicar porque dele não ter sido 5 estrelinhas. Apesar de ser um livro juvenil, ou até mesmo um new adult leve, o livro trás um assunto muito importante: a diferenciação de gênero quanto ao julgamento. A grande questão do livro é que a protagonista e seu cunhado erram, mas somente ela sofreu retaliação sobre isso. Ela se tornou "vadia", "suja", "piranha", e mais inúmeras ofensas de baixo calão enquanto ele o "pegador" e o clássico "mas ele é homem". O cara é exaltado, enquanto a mulher é rebaixada e humilhada. Conseguem entender onde quero chegar? Essa ação de julgamento por parte da sociedade tem um nome: slutshamming. É o ato da mulher ser ofendida enquanto o homem não sofre nada. Sabe o que mais assusta nisso, é que as ofensas vem por meio de outras mulheres. É como se fosse mais fácil colocar 100% da culpa em cima da mulher porque o "homem é homem e foi só seduzido". Sempre tive um pensamento muito inflexível em relação a traições. É preciso duas pessoas conscientes para que ela aconteça. Não existe isso de foi "só um momento", ou que "não estava pensando direito". A culpa é de ambos e ambos merecem o mesmo "julgamento". O livro não fala somente sobre isso, ele trás outros assuntos como o perdão. Pertinente não? Molly errou e precisa ser perdoada, mas sua mãe também errou e precisa ser perdoada. No entanto é diferente quando é com a gente não é mesmo. Com elas rola a quebra de confiança e a ruptura de uma relação entre mãe e filha. É claro que Molly errou com a traição, mas é difícil pensar dessa forma quando sua própria mãe expõe isso, não somente para sua cidade como também para o país todo. Na adolescência tudo é amplificado, tudo é complicado e tudo parece que é o fim do mundo. Vamos unir esses fatos ao sentimento de que "nada disso estaria acontecendo senão fosse pela minha mãe". Difícil não se identificar não? Mesmo que você nunca tenha passado por algo do tipo, é difícil não se pegar imaginando o que faríamos em seu lugar, e pra mim a resposta é simples: a mesma coisa. Molly sente tudo com muita intensidade, desde tristeza, felicidade, descontração, mas também é confusa com a mesma intensidade. Veja bem, a forma como as coisas acontecem, ela se vê acuada e foge deixando tudo em aberto. As pessoas que ficaram também não tiveram um encerramento, e eu particularmente acredito que para conseguirmos encarar outras etapas de nossa vida, tudo precisa ser encerrado, e esse é o grande plot do livro. Encerrar e seguir em frente. Mas como fazer isso quando seu ex-namorado não segue em frente e começa a te procurar, quando sua melhor amiga ainda se recente por ter sido abandonada, quando mal consegue olhar para cara de sua mãe, e ainda quando está se apaixonando pelo cara que lhe ajudou a destruir sua vida? Isso foi o que mais gostei em 99 dias, ele é simplesmente verdadeiro de mais. As atitudes dos personagens são verdadeiras, os erros que Molly comete tentando consertar o passado são coerentes. A história em si é verdadeira, até mesmo o slutshamming que acontece é real pois é exatamente isso que acontece nesses casos, mulheres viram-se umas contras as outras. Triste, porém real. Os personagens do livro são carismáticos e envolventes. A autora nos faz sentir tudo o que eles sentem. A esperança de Gabe em enfim poder ficar com o seu amor do passado, a amargura de Patrick em ver sua ex-namorada, que ainda nutre sentimentos, com seu irmão. A raiva da Julia por sua melhor amiga trazer intriga pra dentro de sua família. A decepção de Imogen por ter sido abandonada por sua melhor amiga enquanto ela sempre esteve ao seu lado. A cautela de Diana quando fala com a filha temendo que o laço delas se rompa de vez. E por fim as dúvidas e inseguranças de Molly. É ela confusa sobre o que sente, não sabe o que deve fazer, e de fato se deve fazer algo. A maioria das coisas que acontecem com ela é totalmente fora do seu controle, e assim, se vê em situações que nem deseja. É como disse, ela precisa de um encerramento pois está apaixonada por Gabe, mas ainda ama tudo o que Patrick lhe representou, afinal, não se esquece anos da sua vida num passe de mágica. De longe meu personagem favorito foi Gabe, ele é recíproco, dedicado, amável e apoia Molly em tudo. Já Patrick mereceu todo desgosto que senti por ele. Conforme o livro foi passando comecei a entender como as coisas chegaram ao ponto dela ter o traído com o irmão. Não digo que ele mereceu, mas também foi responsável em partes. A relação que eles nutriam era quase abusiva. Ele não queria que ela saísse com mais ninguém, e somente que ficasse com ele, que dependesse dele para tudo, e quando Molly percebe isso sente-se sufocada. Acho que já deu pra perceber que o livro aborda muitos assuntos que merecem ser discutidos, não é mesmo? A autora consegue tratar de cada um com uma delicadeza ímpar sem que nenhum ficasse superficial ou irrelevante. Desde o slutshamming, relacionamento dependente, escolha de cursos para faculdade, perdão, superação, e fechamentos de ciclos de nossa vida. E ai entramos no motivo do livro não ser 5 estrelas já que o achei tão sensacional. De fato ele é maravilhoso e sensacional, mas o que me faz favoritar um livro e dar nota máxima é quando chego ao final e me sinto completa, e infelizmente senti que faltou algo para 99 dias ser perfeito. Senti o final muito aberto e só entendi a razão quando descobri que o livro tem uma continuação (quase chorei de alegria). Acho que esse livro é daqueles que são 100% perfeitos quando a história enfim se encerra, e foi isso que senti falta, de uma conclusão definitiva (rocco, por favor, publica logo hahah). Enfim, a resenha ficou imensa pra variar só um pouquinho, mas não teria como ser menor por conta da infinidade de assuntos que o livro aborda. A autora Katie Cotugno merece todos os aplausos por uma obra tão completa e real. Recomendo o livro para todos, e até peço à vocês uma coisinha quando forem ler. Se dispam de julgamentos, pensem que essa é a história de uma amiga, ou até uma irmã mais nova, Molly não merece seu julgamento mas sim sua compreensão, deixe para julga-la ou entendê-lá ao final da leitura. E sabe por quê? Em algum momento da nossa vida já fomos "Molly", ou conhecemos uma "Molly". Garanto que isso lhe fará ler 99 dias de uma forma totalmente diferente.